A saúde bucal canina é um assunto que nem sempre é levado a sério no dia a dia, mas que tem impacto direto na qualidade de vida do pet. Assim como acontece com os humanos, a boca e os dentes do cachorro podem sofrer com diversos problemas que atrapalham (e muito!) a rotina do animal, causando não só dor e desconfortos, mas também complicações graves em outras partes do corpo.
A grande questão é que muitas doenças bucais em cães não dão sinais claros no início e o tutor só percebe que algo está errado com seu pet quando ele já apresenta dificuldade para comer, mudanças no comportamento ou mau hálito extremo – que, ao contrário do que algumas pessoas pensam, não é algo “normal” dos cachorros.
Para manter um “sorriso” sempre saudável no seu cão, é importante conhecer os principais problemas que afetam a boca desses animais e como eles podem ser evitados. Afinal, é muito melhor prevenir esses quadros do que tratá-los, preservando o bem-estar do seu pet em qualquer fase da vida. Confira!
1) Tártaro e placa bacteriana
O acúmulo de restos de comida nos dentes do cachorro atraem bactérias que vão formando uma placa. Com o tempo, essa placa se transforma no famoso tártaro. Além de deixar os dentes amarelados, o tártaro canino causa inflamação nas gengivas, sangramentos e mau hálito forte, podendo evoluir ainda para uma periodontite (inflamação nos ossos e ligamentos da arcada dentária) se não for controlado.
Uma vez que o cachorro já está com tártaro, é fundamental procurar um especialista em odontologia veterinária para fazer uma limpeza adequada dos dentes. Além da remoção da placa, o profissional realiza uma análise minuciosa da condição bucal do cão, para garantir que não há outros problemas por ali.
2) Gengivite
A gengivite é uma inflamação na gengiva causada, na maioria das vezes, pelo acúmulo de placa bacteriana nos dentes. Nesses casos, o cão pode apresentar sangramento, dor e dificuldade para mastigar, o que acaba atrapalhando a alimentação e o bem-estar do animal. Esse problema bucal é tratável, mas sem o cuidado adequado pode evoluir para problemas mais graves, como a periodontite.
3) Periodontite
Quando o tártaro ou a gengivite não são devidamente tratados, o cachorro pode desenvolver uma periodontite. Essa infecção atinge tecidos mais profundos, afetando diretamente a estrutura óssea da arcada dentária, podendo levar à perda dos dentes. É um dos problemas bucais mais comuns em cães adultos e precisa de acompanhamento veterinário.
4) Mau hálito (halitose)
O mau hálito em cachorro não deve ser encarado como algo normal, principalmente quando ele é persistente e muito desagradável. Na maioria dos casos, o cheiro forte na boca do animal é sinal de que há acúmulo de bactérias e inflamação nos dentes. Portanto, nunca ignore esse sintoma, pois ele pode indicar diversas doenças bucais ou sistêmicas.
5) Fraturas dentárias
Cães que mastigam objetos muito duros, como ossos e pedras, podem quebrar os dentes. Além de impactar na mastigação, esse tipo de fratura pode expor a polpa dentária e causar dor intensa, abrindo caminho para infecções mais graves. Se seu cachorro quebrou um dente, leve-o ao veterinário o quanto antes para ele ser examinado e receber o tratamento adequado.

6) Abscessos dentários
O abscesso dentário é uma infecção que se forma na raiz do dente, criando uma bolsa de pus. Ele pode surgir após fraturas dentárias, lesões na gengiva ou como consequência de uma periodontite não tratada. Os sinais mais comuns incluem inchaço no rosto (geralmente próximo ao olho), dor intensa, febre, perda de apetite e dificuldade para mastigar.
Além de ser extremamente desconfortável para o cão, o abscesso pode facilitar a disseminação de bactérias para outras partes do corpo pela corrente sanguínea, provocando problemas no coração, rins e fígado. O tratamento geralmente envolve o uso de antibióticos, limpeza profunda e, em alguns casos, a extração do dente afetado.
7) Retenção de dentes de leite
Esse quadro acontece quando um ou mais dentes de leite do cachorro não caem no tempo certo, mesmo após o nascimento dos dentes permanentes no filhote. Isso é relativamente comum em cães de pequeno porte e raças toy, como Poodle, Yorkshire e Maltês.
O problema é que, quando os dentes de leite e os permanentes ocupam o mesmo espaço, ocorre um desalinhamento na mordida, facilitando o acúmulo de placa bacteriana e aumentando o risco de problemas bucais no futuro. Por isso, o tratamento costuma ser a extração do dente de leite retido.
8) Tumores orais
Os cães também podem ter tumores na boca, que afetam gengivas, língua, céu da boca, bochechas ou até os ossos da mandíbula. Embora sejam menos comuns do que outros problemas bucais, eles merecem atenção redobrada, pois podem ser benignos ou malignos, e o diagnóstico precoce faz toda a diferença no tratamento e na qualidade de vida do pet.
Os sinais de alerta desse tipo de doença incluem sangramento na boca sem causa aparente, caroços visíveis ou palpáveis, dificuldade para mastigar, mau hálito persistente, perda de dentes e, em alguns casos, deformações no rosto. É importante lembrar que nem todo caroço é câncer, mas todo nódulo deve ser avaliado por um veterinário o quanto antes.
Como prevenir problemas na saúde bucal canina
Cuidar da saúde bucal canina é um dos principais investimentos para a qualidade de vida do pet, pois ajuda a prevenir todo tipo de problema na boca e nos dentes dos cães. Para isso, os especialistas recomendam que o tutor siga uma rotina de escovação regular dos dentes de cachorro (diariamente ou pelo menos 3 vezes por semana), use creme dental específico para cães (nunca o humano) e ofereça brinquedos e petiscos que ajudam a limpar os dentes dos pets.
Outro ponto essencial para afastar problemas bucais nos cachorros é fazer check-ups regulares no veterinário. Além de acompanhar a saúde dos dentes do animal, o profissional pode identificar uma doença ainda no início e fazer as intervenções necessárias para evitar complicações no futuro. E nas consultas, não esqueça de apontar para o médico qualquer sinal diferente que você tenha notado no seu pet, como mau hálito, sangramentos ou dificuldade para mastigar. Isso ajuda em um eventual diagnóstico.