Quando o assunto é toxoplasmose, muita gente torce o nariz e automaticamente pensa em uma coisa: gatos! A doença é tão associada aos felinos que ficou popularmente conhecida como a “doença do gato”. E aí começa o problema: por conta da desinformação, muitos tutores ficam com medo de conviver com seus bichanos — especialmente em casos de gravidez — e até cogitam se desfazer do animal.
Mas será que os gatos são realmente os grandes vilões dessa história? Será que ter um gato em casa significa estar automaticamente exposto à doença? Saiba que a toxoplasmose nos gatos existe, sim, mas não é o bicho de sete cabeças que tanta gente imagina!
A verdade é que, embora os gatos sejam os hospedeiros do parasita causador da toxoplasmose, a transmissão para os humanos não é tão simples quanto parece. Na maioria das vezes, os riscos sobre a “doença do gato” são superdimensionados por informações incompletas ou mal interpretadas.
Então, se você convive com um felino ou está pensando em adotar um, é fundamental entender de verdade o que é a toxoplasmose no gato e, principalmente, o que é verdade nessa história toda. Para ajudar nisso, o veterinário Lucas Oliveira esclareceu os 6 mitos comuns sobre a toxoplasmose nos gatos. Confira!
1) “Todo gato transmite toxoplasmose”
Mito! De acordo com o veterinário Lucas Oliveira, é um mito pensar que todo gato transmite toxoplasmose, ou que as mulheres gestantes obrigatoriamente devem doar seus gatos. “A toxoplasmose de gatos é uma doença causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii, e os humanos irão contrair a doença apenas se ingerirem os oocistos (os "ovos" do parasita), que estão presentes nas fezes de gatos contaminados”.
2) “Humanos podem contrair toxoplasmose apenas por conviver com gatos”
Mito! “Os gatos são os hospedeiros definitivos do protozoário, porém a simples convivência com eles não é capaz de transmitir a toxoplasmose aos humanos. Isso porque os gatos contaminados pelo Toxoplasma gondii irão eliminar os oocistos somente através das fezes”, explica Lucas Oliveira. Portanto, a menos que a pessoa manipule as fezes do gato sem proteção e leve a mão à boca sem lavá-las, não haverá risco de contaminação, segundo o veterinário.
3) “Gatos domésticos representam o mesmo risco que gatos de rua quando se trata da toxoplasmose”
Depende! “Os gatos de rua possuem um risco maior de contaminação, pois estão mais expostos a presas infectadas e solo contaminado pelo protozoário. Porém, tanto os gatos de rua quanto os gatos domésticos podem se contaminar e se tornar portadores do parasita”, esclarece Lucas. Por isso, o veterinário reforça que é importante manter a higiene do ambiente e evitar contato direto com as fezes do gato, independentemente de onde ele viva.
4) “A toxoplasmose de gatos é perigosa para gestantes”
Verdade, mas com ressalvas! Segundo Lucas Oliveira, a doença realmente oferece riscos ao feto, por isso se fala tanto na relação entre toxoplasmose e gestantes. “Alguns riscos incluem problemas neurológicos, anomalias congênitas, podendo levar até a um aborto espontâneo”, aponta o especialista. Desta forma, de acordo com o veterinário, é recomendado que essas mulheres evitem o contato com as fezes de gato, lavem bem as mãos e evitem o consumo de carne crua ou mal cozida, que pode estar contaminada com cistos do protozoário.
Aqui, vale reforçar que a chance de uma gestante pegar a “doença do gato” só pela convivência com o animal é mínima, especialmente se o pet for bem cuidado, não sair de casa e tiver alimentação industrializada.

5) “Posso contrair toxoplasmose ao limpar a caixa de areia”
Verdade! De acordo com Lucas Oliveria, este risco realmente existe, mas ele pode ser anulado com algumas medidas simples, como: uso de luvas durante a limpeza das caixas de areia; limpeza regular da areia; higienização das mãos após manipulação da caixa de areia; evitar contato direto com as fezes (utilizar uma pazinha, por exemplo); e evitar contato com a caixa de areia durante a gestação.
6) “Meu gato tem toxoplasmose. Posso continuar com ele?”
Com certeza! “As medidas preventivas são simples e, quando seguidas, permitem a convivência segura com os felinos”, afirma o veterinário Lucas Oliveira. Basta seguir as orientações relacionadas à higiene e aos cuidados com a limpeza da caixa de areia que ajudam a evitar a contaminação pelos oocistos, presentes nas fezes dos gatos contaminados pelo Toxoplasma gondii.
Como saber se o gato tem toxoplasmose?
Na maioria das vezes, um gato com toxoplasmose não apresenta sintomas. Quando eles aparecem, podem incluir febre, letargia, falta de apetite e problemas respiratórios ou neurológicos. Por isso, se seu pet apresentar algum sinal incomum, é essencial procurar o veterinário para uma avaliação.
Com um simples exame de sangue, o médico pode identificar se o gato já teve contato com o Toxoplasma gondii. No entanto, mesmo que ele tenha testado positivo, não significa que está transmitindo a “doença do gato”. A fase de eliminação do parasita pelas fezes é curta e, muitas vezes, o animal já passou por ela sem que ninguém percebesse.
A toxoplasmose no gato é uma preocupação legítima, mas que não deve ser motivo de pânico. Com informação e cuidados básicos de higiene, é totalmente possível conviver com seu bichano sem medo. Lembre-se: muito do que se fala sobre a “doença do gato” é mito — e quem sofre com isso são os animais, vítimas de preconceito e abandono.
Então, se você tem dúvidas sobre gato e toxoplasmose ou quer garantir a saúde do seu pet, fale com um veterinário de confiança. Informação é o melhor antídoto contra o medo!