Ter um gato rechonchudo pode parecer fofo à primeira vista — e algumas pessoas até acreditam que o visual mais cheinho seja sinônimo de saúde. Mas a verdade é que, por trás dessa aparência adorável, pode estar escondido um problema sério de saúde: a obesidade felina.
Um gato obeso tem mais chances de desenvolver diabetes, doenças cardíacas, problemas de locomoção e pode ter uma redução considerável na sua expectativa de vida. E sabe o que é mais preocupante? É que esse quadro tem se tornado cada vez mais comum, especialmente entre os animais que vivem exclusivamente dentro de casa, têm pouco estímulo físico e acesso livre à comida.
A boa notícia é que, com atenção e algumas mudanças no dia a dia, é possível ajudar seu pet a recuperar a forma e o bem-estar. Com a ajuda do médico veterinário Lucas Oliveira, você vai aprender a identificar se o seu gato está acima do peso, entender os riscos da obesidade e conhecer as recomendações sobre os cuidados diários com gatos obesos, principalmente no que diz respeito à alimentação — que costuma envolver o uso de ração para gatos obesos. Continue a leitura!
Como saber se o gato está obeso?
Às vezes, a obesidade felina pode passar despercebida — especialmente quando o gato é peludo ou tem um porte mais robusto. Entretanto, alguns sinais podem indicar que o gato está acima do peso, como:
Costelas não palpáveis: se você não consegue sentir as costelas com facilidade ao tocar o peito do seu gato, isso pode ser um indicativo de gato obeso.
Ausência de “cintura”: ao olhar de cima, o corpo do gato deve ter uma leve curvatura na região abdominal. Se estiver arredondado, é sinal de alerta para obesidade.
Barriga pendurada: aquela “pelanquinha” na barriga (chamada de bolsa primordial) é normal, mas se estiver exagerada, pode ser gordura acumulada.
Falta de disposição: gatos obesos tendem a brincar menos e dormir mais.
Dificuldade para se limpar: se o gato não alcança mais certas partes do corpo, isso pode ser resultado do excesso de peso.
Se você identificar uma ou mais características dessa lista, é importante procurar um veterinário para uma avaliação mais precisa. Segundo Lucas Oliveira, os especialistas utilizam o Escore de Condição Corporal para classificar o grau de sobrepeso em gatos. Esse método classifica os gatos em um Escore de 1 a 9, em que 1 seria extremamente magro e 9 extremamente obeso.
“O ideal para gatos é o Escore de 5, sendo que a pontuação 6 e 7 é considerada sobrepeso, e as pontuações 8 e 9 são classificadas como obesidade. Um gato obeso costuma estar de 30 a 60% acima do peso ideal”, explica o veterinário.

Além disso, Lucas reforça que a obesidade em si não tem sintomas, mas pode ser uma condição secundária a alguma doença endócrina, como hiperadrenocorticismo e hipotireoidismo. Portanto, caso o tutor note mudanças nos hábitos alimentares do gato, como aumento de sede e fome, ganho de volume no abdômen ou alterações comportamentais, é essencial levá-lo ao veterinário.
E por que a obesidade é tão perigosa para gatos?
Assim como nos humanos, o excesso de peso pode desencadear vários problemas de saúde nos gatos. De acordo com Lucas Oliveira, a obesidade felina está associada como sendo a causa ou fator agravante para diabetes mellitus, doenças cardiorrespiratórias, doenças do trato urinário inferior, doenças endócrinas (hormonais), doenças ortopédicas e até doenças dermatológicas.
“Além disso, gatos obesos envelhecem mais rapidamente e tendem a viver menos que gatos com o peso ideal”, afirma o veterinário. Por isso, é fundamental agir rápido quando se percebe que o gato está obeso.
Mas o que torna um gato obeso?
Em meio a uma rotina de cuidados, carinhos e muitos mimos, alguns tutores podem ficar surpresos ao saber que seu gatinho está obeso. E aqui, o veterinário Lucas Oliveira deixa um alerta importante: diversos fatores estão relacionados ao risco de obesidade em gatos, sendo que alguns estão associados ao próprio gato, mas outros são provocados pelo tutor.
Segundo o especialista, entre os principais fatores que contribuem para o aumento de peso em gatos estão:
Castração: essa cirurgia leva a um aumento do apetite e redução do metabolismo do gato — o que exige uma alimentação mais controlada, com uma ração para gatos castrados.
Idade: a meia idade em gatos (entre 7 e 12 anos) é um período em que há uma tendência ao sobrepeso.
Comportamento competitivo: em casas com mais de um gato, muitas vezes, há competitividade por alimento, o que leva a um consumo excessivo de ração.
Doenças endócrinas: como hiperadrenocorticismo e hipotireoidismo.
Predisposição genética: algumas raças, como Persa, Maine Coon e British Shorthair (Gato de Pelo Curto Inglês), têm maior tendência ao ganho de peso.
Alimentação em excesso: o hábito de oferecer comida em excesso (seja ração, petiscos ou comidas humanas) acaba levando o gato a consumir uma quantidade de calorias muito maior do que a necessária. Além disso, alimentos calóricos e restos de comida humana agravam o problema.
Sedentarismo: gatos que não são estimulados a brincar ou movimentar-se têm menos gasto calórico e acumulam gordura com mais facilidade.
Ignorar o problema: não reconhecer a obesidade do gato como uma doença evita que o animal receba os cuidados necessários para evitar e tratar o quadro.
A partir desses fatores, o primeiro passo para ajudar um gato obeso a recuperar sua qualidade de vida é reconhecer que ele está acima do peso e precisa de ajuda. Portanto, procure um veterinário, preferencialmente um nutrólogo, se você desconfia que seu gatinho sofre com obesidade.
“O especialista irá definir o plano nutricional adequado para seu gato, considerando todos os aspectos, desde idade, doenças secundárias, se é castrado ou não, onde vive, se convive com outros animais, até as preferências alimentares e fatores relacionados ao tutor”, esclarece Lucas.
Como deve ser o tratamento de um gato obeso?
Em geral, o tratamento da obesidade felina envolve basicamente três pilares:
1) Alimentação adequada: a dieta para perda de peso precisa ter mais proteína, mais fibras, menos carboidratos, menos gordura e menos calorias que uma dieta de manutenção. Isso pode incluir a troca da ração comum por uma ração para gatos obesos, e é fundamental seguir as recomendações do veterinário em relação à quantidade e ao tipo de alimento — inclusive, evitando petiscos em excesso!
2) Estímulo à atividade física: gatos obesos precisam se movimentar! Por isso, os tutores podem apostar em brinquedos interativos, arranhadores e sessões diárias de brincadeiras — mesmo alguns minutos por dia já fazem diferença.
3) Monitoramento frequente: o processo de emagrecimento deve ser gradual e sempre acompanhado por um veterinário nutrólogo. Mudanças bruscas na alimentação ou tentativas de emagrecimento sem orientação podem ser perigosas para o felino.
Tenha em mente que a obesidade não é um problema apenas estético — ela pode afetar diretamente a saúde e o bem-estar do seu pet. Se o seu gato está obeso, saiba que com cuidado, acompanhamento profissional e alimentação adequada, é possível reverter o quadro e garantir uma vida mais longa e feliz para ele.