Gato

Pancreatite em gatos: veterinária explica tudo sobre a doença!

Publicado - 27 Janeiro 2022 - 17h57

Atualizado - 16 Maio 2024 - 17h39

Você sabe o que é pancreatite em gatos? A doença que afeta muitos cães e humanos também pode surgir nos bichanos. A pancreatite felina é uma doença relativamente comum que acomete o pâncreas do animal e pode gerar muitas consequências para a saúde. Identificar a doença logo no início é fundamental, pois a pancreatite em gatos é grave e a demora no tratamento pode acabar comprometendo todo o funcionamento do organismo do pet. O Patas da Casa conversou com Estela Pazos, médica veterinária especializada em medicina felina. Ela explicou exatamente o que é pancreatite felina, quais as causas, como identificar a doença e o que deve ser feito para tratar um gato com o problema. Confira!

O que é pancreatite? A doença debilita um órgão fundamental para a digestão felina

Apesar de relativamente comum, muitos tutores têm dúvidas sobre o que é pancreatite e quais são as causas. A veterinária Estela Pazos explica que a pancreatite felina se trata de uma inflamação no pâncreas do animal. Esse órgão tem como principal função a produção de enzimas que auxiliam na digestão de nutrientes essenciais, como proteínas, gorduras e carboidratos. Normalmente, as enzimas são liberadas apenas quando necessário. Em um quadro de pancreatite felina, porém, essas enzimas são ativadas antes do momento ideal. Como resultado, causam uma autodigestão do órgão, levando à inflamação.

No caso da pancreatite, gatos de qualquer raça, sexo e idade podem desenvolver a doença. Porém, alguns especialistas afirmam que a pancreatite em gatos idosos é mais comum. Nessa idade é preciso ter ainda mais cuidados, já que a imunidade está mais enfraquecida, o que pode dificultar o tratamento. Além da pancreatite em gatos idosos, alguns profissionais também dizem que os gatos da raça Siamês têm maior predisposição para sofrer com a doença.

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A dificuldade em determinar a causa da pancreatite felina faz muitos casos serem considerados idiopáticos

Um grande problema da pancreatite em gatos é a dificuldade em descobrir sua origem. A especialista explica que as causas da pancreatite em gatos ainda não são muito bem definidas, o que faz com que uma grande parcela dos casos sejam considerados idiopáticos (quando não se sabe a origem). Porém, ela conta que existem alguns aspectos que facilitam o aparecimento da doença: “temos alguns fatores que podem contribuir, como a presença de alguns parasitas intestinais, ingestão de produtos tóxicos, presença de outras doenças inflamatórias ou infecciosas, origem imunomediada, reações adversas a medicamentos e a presença de doença intestinal inflamatória”, explica.

Qual a diferença entre a pancreatite crônica e a pancreatite aguda em gatos?

Sabendo o que é pancreatite, é importante entender também que existem dois tipos da doença: aguda ou crônica. “Na pancreatite aguda em gatos, os sintomas aparecem de forma repentina e se resolvem com tratamento de suporte, e nem sempre se chega a um diagnóstico preciso”, explica Estela. Ao contrário do que acontece no quadro agudo, a pancreatite felina crônica se desenvolve lentamente, de maneira que o órgão vai sendo desgastado aos poucos e os sintomas levam mais tempo para aparecerem.

“Ocorre uma inflamação persistente neste órgão que vai deteriorando suas células lentamente até chegar ao ponto em que o pâncreas não produz mais as enzimas que auxiliam no processo digestivo e nem a insulina, levando a uma doença chamada Insuficiência Pancreática Exócrina”, esclarece. Além disso, a especialista afirma que também é comum acontecer uma "agudização da pancreatite crônica”. Nesse momento da pancreatite, os gatos que já tinham a doença há muito tempo manifestam os sintomas de maneira repentina.

 

Gato sendo examinado por veterinário em mesa de consultório médico
A pancreatite felina é uma doença difícil de ser diagnosticada

 

Os sintomas da pancreatite felina são comuns a diversas doenças 

 

Os sinais da pancreatite em gatos são comuns a outras doenças, o que torna o diagnóstico e até o tratamento mais difíceis. “O principal sintoma é a perda parcial ou total do apetite e, consequentemente, perda de peso. A letargia e prostração é outro sintoma muito frequente, assim como os vômitos. A diarreia também pode ocorrer e é comum esses gatos ficarem desidratados e com as mucosas ictéricas (amareladas)”. 

Pancreatite: gatos com o quadro também podem desenvolver diabetes 

Um dos grandes perigos da pancreatite felina é que ela, muitas vezes, não acontece sozinha. A inflamação no pâncreas pode levar a diversos outros problemas de saúde, como a diabetes felina. Além da produção de enzimas, o pâncreas também produz hormônios, dentre eles a insulina, que é responsável por controlar a quantidade de glicose circulante no sangue. “Se o gato apresentar uma pancreatite felina crônica, pode ocasionar uma destruição das células no pâncreas que são responsáveis pela produção de insulina. Consequentemente, causa uma redução progressiva na secreção e liberação deste hormônio no organismo, levando ao aparecimento da diabetes”, esclarece Estela. Além disso, ela explica que, por conta da perda de apetite e de peso causados pela pancreatite, os gatos com a doença podem apresentar também lipidose hepática como consequência.

Pancreatite em gatos é difícil de ser diagnosticada

A pancreatite em gatos é grave principalmente porque é difícil ter um diagnóstico rápido e preciso, o que impacta diretamente no tratamento da doença. Com sintomas muito comuns e que podem estar relacionados a diversos outros problemas de saúde, a dúvidas em torno do que causa a pancreatite em gatos também dificulta o entendimento da doença. Por isso, para se ter um diagnóstico preciso é preciso fazer uma avaliação com um profissional e uma série de exames laboratoriais: “É necessário realizar ultrassom e radiografia abdominal e a complementação com exames de sangue, incluindo exames específicos para avaliação da pancreatite em gatos como a lipase pancreática felina e a imunoreatividade tripsinóide felina (fTLI)”, orienta a veterinária.

 

Gato deitado no chão longe de potes de água e comida
Pancreatite felina dificulta o processo de digestão de alimentos

 

Tratamento da pancreatite em gatos é focada na terapia de suporte

 

A pancreatite em gatos é grave mas, felizmente, pode ser tratada. Apesar de não existir um remédio específico para a pancreatite, os gatos podem ser submetidos a tratamentos de suporte que cuidam dos sintomas e consequências da doença. “É feito um tratamento de suporte para correção de desidratação, náuseas e vômitos, controle de dor, manejo da diarreia e, se necessário, também são utilizados antibióticos e corticoides”, orienta Estela. 

Além disso, algumas vitaminas podem ajudar a aliviar a inflamação: “A prescrição de antioxidantes como as vitaminas A e C auxiliam na diminuição do estresse oxidativo das células, melhorando a inflamação e proteção dos tecidos. A suplementação com vitamina B12 pode ser necessária já que a maioria dos gatos com pancreatite apresentam deficiência”, complementa. É muito importante que o tratamento da pancreatite em gatos seja iniciado o mais rápido possível. Por ser uma doença silenciosa, é importante ficar sempre atento à saúde do animal. Ao manifestar qualquer sintoma, leve o pet imediatamente ao veterinário. 

Depois da cura da pancreatite, gato precisam passar por mudanças na alimentação

Os gatos curados da pancreatite felina precisam passar também por mudanças na alimentação. Com a doença, o pâncreas se torna debilitado e, portanto, tem dificuldade em realizar a produção de enzimas para digerir nutrientes. Por isso, é fundamental que a dieta do gato seja adaptada para inclusão de alimentos que sejam mais fáceis de digerir. Estela explica que esse suporte nutricional é fundamental no tratamento da pancreatite em gatos: “O alimento deve ser escolhido de acordo com os exames e condição clínica do paciente, mas de um modo geral deve ter fácil digestão e equilíbrio entre proteínas, gorduras em quantidade moderada e com boa qualidade e digestibilidade, e carboidratos. A dieta deve auxiliar na prevenção da perda de massa muscular e restabelecimento do organismo”, orienta. 

Além disso, a especialista ressalta que mesmo que a pancreatite em gatos cause perda de apetite e dificuldade na digestão de alimentos, o animal nunca deve ficar em jejum. “ Se o gato não consegue se alimentar, pode ser necessário uma sonda de alimentação até que ele volte a se alimentar espontaneamente”, completa.

Redação: Maria Luísa Pimenta

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