A insuficiência renal em gatos é uma doença que pode ser muito comum quando falamos de felinos. Sem cura, o problema precisa de acompanhamento constante e cuidados especiais para evitar complicações. Apesar de ser uma doença grave, o gato com problema renal pode ter qualidade de vida. Para tirar as dúvidas sobre a insuficiência renal em gatos, o Patas da Casa conversou com a médica veterinária Débora Nunes, do Rio de Janeiro. Vem conferir!
Patas da Casa: O que causa a insuficiência renal em gatos?
Débora Nunes: Existem dois tipos de insuficiência renal em gatos, a crônica e a aguda. A aguda é quando o animal come alguma coisa, como uma planta tóxica, ou sofre algum envenenamento: essas duas situações podem levar à falência do rim. Geralmente, a insuficiência renal aguda é muito pior que a crônica, porque ela pode causar uma inflamação chamada pielonefrite e levar a outras alterações que fazem o animal ir à óbito muito mais rápido.
A crônica é uma insuficiência renal que começa aos poucos e, gradativamente, vai aumentando ureia, creatinina e outros marcadores. Hoje em dia, alguns estudos dizem que a insuficiência renal vem pela idade. Então, quando o animal começa a ter mais ou menos 8 anos de idade, já começamos a fazer um check-up preventivo.
PC: A insuficiência renal em gatos pode ter relação com outras doenças?
DN: A insuficiência renal em gato pode não ser uma questão primária e sim decorrente de alguma doença endócrina que o veterinário não consegue descobrir, porque o animal não tem sintomas. O gato é um animal estóico, ou seja: ele não demonstra que está doente. Isso ocorre porque, na natureza, mostrar que está doente é um sinal de fraqueza e com isso ele pode virar uma presa fácil. Hoje em dia, o que a medicina veterinária felina mais trabalha é que a insuficiência renal pode ser causada pela má ingestão de água, já que o gato tem esse problema de não se hidratar adequadamente.
PC: Existe alguma idade para o animal se tornar renal ou isso não faz diferença?
DN: A insuficiência renal aguda pode acontecer com qualquer idade, é como se fosse um choque e o rim para de funcionar. Se a gente conseguir salvar o animal da insuficiência renal aguda, ele vira um paciente renal crônico. Nesse caso, não tem idade pra acontecer, já que depende de outros fatores. A insuficiência renal crônica, que é a que mais pegamos em clínica, costuma ocorrer a partir de oito anos, quando o gatinho começa a se tornar idoso.
PC: Existe diferença entre cálculo renal e insuficiência renal?
DN: O cálculo renal em gatos pode ser dado por dois tipos: estruvita e oxalato de cálcio (nomes dos cálculos). Existem outros tipos também, mas esses são os mais comuns. Podem vir com a falta de água e alimentação errada, como restos de comida.
O cálculo renal é uma pedrinha que pode levar a alteração renal e à insuficiência renal, já que fica no rim e pode causar lesões. Pode ficar na bexiga e obstruir a uretra, levando o animal a não conseguir fazer xixi. Como o animal fica com a bexiga bem cheia, corre o risco de romper e evoluir para algo pior, como uma peritonite (inflamação na membrana que reveste o abdômen do animal).
PC: Quais os sintomas da insuficiência renal em gatos?
DN: Os sintomas são vários. Entre eles:
- Poliúria (produção de urina em excesso);
- Polidipsia (sede e ingestão de água em excesso);
- Vômito;
- Emagrecimento;
- Mudança de comportamento;
- Aumento de vocalização (miados);
- Urinar em lugares errados.

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PC: Existe tratamento para a insuficiência renal em gatos?
DN: Existe tratamento apenas para suporte da insuficiência renal. Como não tem cura - é uma doença progressiva -, precisamos fazer o controle dela. Isso é feito a partir da observação da uréia, creatinina, fósforo, potássio, cálcio iônico por meio de exames, como o de urina, SDMA e ultrassonografia.
O SDMA (dimetilarginina simétrica) consegue mostrar de forma precoce se esse animal está com alguma injúria no rim ou lesão renal, antes mesmo do aumento da uréia e da creatinina. Esses indicadores só aumentam quando tem 75% do glomérulo renal afetado, então é um marcador tardio. Quanto mais sintomas o animal tem, como magreza, alteração na densidade urinária, aumento na uréia e creatinina, entre outros sinais, ele já entra em um estado mais problemático.
Se o gatinho apresenta alteração na ultrassonografia, já tem sinais de senilidade, mas não há aumento de uréia e creatinina, a gente sabe que ele é renal, mas a condição não é tão grave.
PC: Existe cura para a insuficiência renal em gatos?
DN: Não existe cura da insuficiência renal, uma vez que já o rim não volta a funcionar. Quando a gente descobre que o gatinho só tem uma injúria e não a falência do rim, conseguimos controlar o problema com mais eficácia. A gente consegue dar uma qualidade de vida melhor para esse gato e retardar bastante o aparecimento da doença. Agora quando já tem a insuficiência e a falência dos glomérulos, não tem mais como reverter. Infelizmente, a insuficiência renal é uma das maiores causas de óbito em gato.
PC: Como prevenir que um gato se torne renal?
DN: Para prevenir, é importante que o gato tenha muita ingestão de líquidos. Fontes de água podem ajudar, inclusive ter várias espalhadas pela casa. Outra forma de incentivar é fazer um gelinho com o sachê, dar frutas liberadas com bastante líquido, como melancia. No caso do sachê, pode colocar mais água para reforçar o consumo. O gatinho tem sempre beber muito mais água do que ele normalmente bebe.
PC: Quais os cuidados que um gato renal precisa ter?
DN: O gato renal precisa de cuidados frequentes, como ser acompanhado por um veterinário para uma avaliação a cada 4 meses (ou o tempo que o veterinário preconizar, geralmente não é bom passar de 6 meses). Comer uma ração renal para gatos específica também é importante. Além disso, o tutor precisa estar sempre observando os comportamentos e a ingestão de água do gatinho.
PC: Existe transplante de rim nesses caso de insuficiência renal em gatos?
DN: Existe o transplante renal em gatos, sim, mas os lugares que fazem - que são pouquíssimos - exigem que o proprietário do gatinho que está renal adote o doador. Isso ocorre porque o gatinho doador vai ter problemas no futuro por causa da doação. Infelizmente, a medicina felina não se aprimorou tanto em relação à transplante renal quanto a humana.
Redação: Júlia Cruz
