De um tempo para cá, você notou seu cão mais desanimado do que o normal? Dormindo demais, sem vontade de brincar e até comendo menos? Esses comportamentos podem parecer preguiça ou uma indisposição passageira, mas também podem indicar algo mais sério, como a depressão em cachorro.
Embora muitas pessoas associem a tristeza canina a "manha" ou "frescura", especialistas garantem que mudanças comportamentais significativas nos cães merecem atenção. Afinal, os pets também podem sofrer com desequilíbrios emocionais que afetam diretamente sua qualidade de vida.
O problema é que identificar um cachorro deprimido nem sempre é simples — até porque eles não conseguem dizer como estão se sentindo. Para te ajudar a reconhecer esses casos, conversamos com a médica veterinária Caroline Acquesta Canal que listou os sintomas mais comuns da depressão canina e explicou o que fazer para ajudar seu melhor amigo.
O que causa depressão em cachorro?
A depressão canina é um transtorno emocional que afeta o bem-estar mental e físico do animal. De acordo com Caroline Acquesta Canal, ela pode ser causada por diversos fatores, como a perda de seu responsável, perda de outro animal do mesmo convívio, falta de estímulos (como passeios e brincadeiras), mudança de casa ou de rotina, solidão ou tédio prolongado, maus tratos e até alimentação inadequada.
Em alguns casos, a depressão em cães ainda pode ter relação com doenças físicas e neurológicas não diagnosticadas. Isso acontece porque a dor, o desconforto constante, as limitações de mobilidade ou alterações hormonais podem impactar o comportamento e o estado emocional do animal.
Entre os problemas de saúde que contribuem para um estado de cachorro triste ou deprimido, estão doenças articulares (como artrose e displasia), doenças endócrinas (hipotireoidismo, por exemplo), síndrome da disfunção cognitiva canina (semelhante ao Alzheimer), câncer, doenças cardíacas ou respiratórias, e infecções crônicas (como leishmaniose ou erliquiose).
Sintomas de depressão canina
Mais comum do que parece, a depressão canina não se resume apenas em um estado de cachorro triste. Normalmente, o animal manifesta sinais no corpo, nos hábitos e na forma como interage com o mundo ao redor. Segundo Caroline, o cão costuma apresentar sintomas fora do usual, como:
1) Perda de apetite
Seu cão costumava devorar a ração em segundos e, de repente, passou a ignorar o potinho? Ou não mostra o mesmo entusiasmo de sempre com os petiscos oferecidos? Pois saiba que a falta de apetite no cachorro pode ser um dos primeiros indícios de que algo está errado.
2) Falta de interesse por brincadeiras
Um cachorro triste geralmente passa a não se interessar por acontecimentos diversos ao seu redor e perde o interesse por atividades que antes o deixavam animado, como brincar com bolinhas, correr no parque ou até passear com o tutor. Esses comportamentos podem indicar apatia, sinal clássico de depressão em cães.

3) Sono excessivo
A qualidade do sono de um cão pode ser afetada por questões emocionais e a depressão costuma impactar bastante esse aspecto. Por isso, segundo a veterinária Caroline Acquesta Canal, se o cachorro está dormindo mais do que o habitual, pode ser um indício de depressão canina.
4) Isolamento
O pet está se escondendo, evitando contato com a família ou preferindo ficar sozinho? Cães são naturalmente sociáveis, então, esse tipo de comportamento pode indicar que o animal está emocionalmente abalado.
5) Mordidas ou lambidas no corpo em excesso
Esse comportamento repetitivo e compulsivo pode ser uma forma do cão lidar com o estresse ou com a ansiedade canina. De acordo com Caroline, se o pet está lambendo as patas com frequência ou mordendo o próprio corpo a ponto de causar feridas, vale analisar seu estado emocional.
6) Falta de energia e desânimo
Se o seu cão anda mais quieto, sem vontade de sair, de brincar ou de interagir, ou passa mais tempo deitado, é importante considerar a possibilidade de estar deprimido. Esse desânimo constante é um dos sintomas mais visíveis da depressão canina.
O que fazer ao identificar os sinais de depressão canina?
É importante considerar que a depressão em cachorro envolve muitos sintomas inespecíficos, ou seja, eles não são exclusivos desse quadro e podem ter relação com várias condições de saúde. Por isso que mudanças bruscas e repentinas no comportamento canino sempre exigem atenção e precisam ser investigadas o quanto antes.
Então, se você identificar mais de um desses sinais no seu pet, o ideal é procurar um médico veterinário para que o animal possa ser examinado e descartar alguma doença envolvida. “Caso não haja nada fora do comum, o tutor deve tentar mudar a rotina do animal e entender o que pode estar o afetando”, orienta Caroline.
Geralmente, o tratamento da depressão em cães envolve modificações no ambiente em que o animal vive e, eventualmente, uso de medicamentos indicados pelo médico veterinário. Em alguns casos, pode ser necessário ainda o acompanhamento com um psicólogo de cachorro, que pode recomendar outras ações mais individualizadas para o pet.
E lembre-se: a melhor estratégia para afastar a depressão do seu cachorro é evitando que esse problema se desenvolva. Para isso, a veterinária Caroline Acquesta Canal orienta deixar seu pet sempre ativo, fornecendo brinquedos, fazendo passeios e dando muito carinho e atenção. “Garantir uma alimentação balanceada e um local aconchegante também é importante para ele se sentir bem e seguro”, completa.