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Cães podem ter intolerância a glúten? Veterinária esclarece os sintomas, diagnóstico e cuidados

Publicado - 03 Setembro 2025 - 16h04

Atualizado - 03 Setembro 2025 - 18h01

Foto da: Bruna Garcia Giubilei - Médica Veterinária

Bruna Garcia Giubilei / Médica Veterinária

CRMV: 748174

Médica Veterinária graduada pela Universidade Paulista (Unip) , sou apaixonada por unir minha formação veterinária à arte comercial, especialista em vendas técnicas e relacionamento estratégico, venho conectando ciência veterinária a resultados comerciais há mais de 10 anos, atualmente estou como Representante de Informação Veterinária na Nestlé Purina onde uso meu conhecimento veterinário para identificar gaps e oportunidades que geram receita, enquanto construo relações de confiança com clientes e times.
Foto de Adriana Douglas - Redatora

Adriana Douglas / Redatora

Jornalista formada desde 2010 pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, sou especialista na cobertura de temas diversos, que vão de saúde a estilo de vida, passando pelo universo pet em muitas ocasiões. Os animais, inclusive, são uma das minhas grandes paixões na vida, sendo que um sonho meu é abrir um santuário de animais junto com meu irmão veterinário, onde eu possa cuidar e dar muito carinho a todo tipo de bicho.

Sou uma gateira assumida: meu primeiro gatinho, Nano, chegou em casa quando eu tinha uns 5 anos de idade. Ele foi um gato cheio de personalidade, todo branco, de olhos amarelos, que viveu quase 18 anos. Depois, vieram outros três: Neno (“sialata” muito amoroso e bonzinho), Nino (dengoso, mas meio nervosinho) e Nina (uma gata tricolor medrosa, que adora dormir dentro dos armários).

Em 2018, uma gatinha de rua resolveu “adotar” a família do meu marido e passou a morar com meus sogros. Chamada Tigrinha (por causa do seu pelo), ela é de longe a gata mais amorosa, mansa e dengosa que existe. Essa gatinha, que nasceu com o rabinho curto, teve duas ninhadas de gatinhos conosco. Dos 9 filhotes, acabei ficando com dois: Milk (um macho preto e branco rajado peludão) e Shake (uma fêmea tricolor com “luvinhas” brancas). São meus “Pururucos”, meus filhos mansinhos e dengosos.

Eu poderia passar horas falando sobre gatos e toda espécie de bicho (também já resgatei uma calopsita na rua, que virou pet do meu irmão). E é por isso mesmo que é uma grande satisfação ser colaboradora do Patas da Casa!

• Filme com animal preferido: “A Dama e o Vagabundo”
• Uma raça de cachorro: Labrador
• Uma raça de gato: Vira-lata
• A curiosidade favorita sobre cachorros: Os filhotes de cachorro normalmente choram porque sentem saudade da mãe e dos seus irmãos.
• A curiosidade favorita sobre gatos: Os gatos afofam as cobertas e os humanos por uma lembrança do que faziam quando filhotes durante a amamentação.
• Sobre o que mais gosta de escrever no universo pet: Raças de gatos e cachorros
• Um aprendizado: Os animais são excelentes companhias e parceiros fiéis para toda a vida!
• Nome de pet favorito: Meleca

Muita gente associa o glúten apenas a problemas digestivos em humanos, mas você sabia que seu cão também pode ter reações a essa proteína? Embora a intolerância ao glúten em cachorro não seja tão comum quanto em pessoas, ela existe e pode causar bastante desconforto ao animal.

O Patas da Casa conversou com a médica veterinária Bruna Giubilei para entender como o glúten reage no organismo canino, quais são os sintomas dessa alergia alimentar em cães e quais cuidados adotar para garantir uma rotina saudável ao pet. Confira tudo a seguir!

O que o glúten faz no cachorro?

O glúten é uma proteína encontrada em grãos como trigo, centeio e cevada, e costuma estar presente em diversos alimentos, incluindo a ração para cachorro. Em um cão saudável, o glúten é simplesmente um nutriente inofensivo. No entanto, para um cão com sensibilidade a essa substância, ela pode desencadear uma reação imunológica séria.

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“No trato gastrointestinal de um cachorro saudável, as enzimas digestivas quebram essa proteína em aminoácidos e peptídeos menores, que serão absorvidos pelas paredes do intestino e utilizados pelo corpo como blocos de construção para músculos, tecidos, enzimas e hormônios. Já a parte de carboidrato do grão será transformada em energia. Ou seja, para um cão sem sensibilidade, os alimentos que contêm glúten são fontes nutritivas de proteína e energia sem qualquer efeito adverso”, explica a veterinária Bruna Giubilei.

Já em cães sensíveis, a situação é completamente diferente. Segundo a especialista, um cachorro com intolerância a glúten não consegue quebrar completamente essa proteína em partículas pequenas, e essas porções maiores e mal digeridas do glúten conseguem atravessar a barreira mucosa do intestino.

“Então, o sistema imunológico, que habita o tecido intestinal, identifica essas partículas de glúten como invasores perigosos, como se fossem bactérias ou vírus, e lança um ataque maciço contra elas. Esse ataque imunológico causa uma inflamação severa no revestimento do intestino delgado, levando a doenças gastrointestinais, prejudicando a absorção de nutrientes e piorando a resposta imune em geral, o que provoca problemas em outras partes do corpo também, como a pele”, afirma.

Quais os sintomas da alergia ao glúten em cães?

Apesar de ser um quadro preocupante para a saúde canina, a intolerância ao glúten é muito incomum entre os cães. Na verdade, de acordo com Bruna Giubilei, ela é mais documentada em raças específicas, principalmente no Setter Irlandês e, em menor grau, no Samoieda e no Whippet – nesses casos, há um forte componente genético associado ao problema. Porém, em tese, qualquer cão pode desenvolver essa sensibilidade alimentar.

“Identificar se um cachorro é intolerante ao glúten requer observação e, o mais importante, um diagnóstico veterinário preciso, pois os sintomas são idênticos aos de muitas outras condições”, aponta Bruna. Geralmente, os sinais relacionados à intolerância ao glúten são crônicos, ou seja, persistem por semanas ou meses, e podem ser observados em diferentes partes do corpo.

Segunda a médica veterinária, entre os sintomas da alergia ao glúten em cães estão:

  • Inflamações de pele (dermatites)
  • Coceira ou lambedura intensa e persistente (especialmente nas patas, axilas, orelhas, virilha, focinho e ânus)
  • Diarreia crônica ou episódios constantes de fezes moles
  • Vômitos ocasionais
  • Flatulência excessiva
  • Perda de peso
Cachorro Samoieda deitado no chão
Apesar de rara em cães, a intolerância ao glúten é mais comum em raças como Setter Irlandês, Samoieda e Whippet

Confirmando o diagnóstico: como saber se o cachorro tem intolerância alimentar ao glúten?
Mesmo conhecendo os indícios mais comuns, diagnosticar a intolerância ao glúten em cães não é algo simples, nem rápido. Isso porque não existe um exame único e definitivo para confirmar a condição – e, como vimos, os sintomas podem ser confundidos com os de outros problemas de saúde.

Ao notar esses sinais no seu cachorro, o primeiro passo é levá-lo para uma consulta com o veterinário. Ele irá realizar um exame físico completo, investigar o histórico alimentar e de saúde do cão, e descartar outras causas dos sintomas (como alergia a pulgas ou até uma dermatite atópica).

Em seguida, é aplicado um método chamado de “dieta de eliminação”. “A dieta deve ser composta por fontes de proteína e carboidrato que o cão nunca comeu antes, como ração hidrolisada, e o animal não pode comer absolutamente mais nada: nenhum petisco, nenhum restinho de comida, nenhum ossinho industrializado, nenhum medicamento com sabor, nem mesmo pasta de dente”, aponta Bruna.

Durante esse processo, que pode levar de 8 a 12 semanas, o tutor deve documentar qualquer mudança nos sintomas. Em caso de intolerância alimentar (seja ao glúten ou a outra coisa), os sintomas melhorarão significativamente ou desaparecerão completamente ao final deste período, segundo a especialista.

Após a melhora dos sintomas com a dieta de eliminação, o veterinário deve fazer um “teste de provocação” para identificar o fator responsável pela sensibilidade no cão. Isso é realizado com a reintrodução do glúten na alimentação do cão – adicionando uma pequena quantidade de trigo ou cevada cozida na dieta. “Caso o cão for realmente intolerante, os sintomas, principalmente a coceira e/ou a diarreia, retornarão de forma rápida e evidente, e isso vai confirmar o diagnóstico”, esclarece Bruna.

Como cuidar de um cachorro com intolerância ao glúten?

O tratamento da intolerância ao glúten em cães envolve, principalmente, a remoção completa dessa proteína da dieta canina. Isso envolve um cuidado especial dos tutores na hora de comprar rações ou qualquer alimento, já que muitos produtos podem conter vestígios de glúten. Por isso, deve-se sempre ler os rótulos com extremo cuidado.

“Atualmente, temos muitas opções de dietas livres de grãos (grain-free) e rações hidrolisadas, que são boas opções para cães com múltiplas alergias. Além disso, os tutores podem investir em petiscos naturais que são mais seguros, como cenoura ou maçã”, orienta Bruna.

E pode dar pão sem glúten para cachorro?

Essa é uma dúvida que pode surgir na hora de alterar a dieta do pet. De acordo com a especialista, o fato de um pão ser "sem glúten" para humanos não significa que seja automaticamente seguro ou saudável para um cão. Isso porque muitos produtos industrializados contêm ingredientes altamente tóxicos para os cães (como o xilitol). “O mais seguro é evitar completamente pães e outros alimentos humanos processados”, recomenda Bruna.

É preciso ter em mente que os cuidados com um cão intolerante ao glúten exigem comprometimento vitalício e isso envolve acompanhamento veterinário regular para garantir que a dieta está fornecendo toda a nutrição necessária. Segundo a médica Bruna Giubilei, é um processo que demanda paciência, disciplina absoluta e uma parceria próxima com o médico, para proporcionar ao cachorro uma vida longa, saudável e confortável.

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