Saúde de gato

Hipoplasia cerebelar em gatos: tudo sobre a doença!

Publicado - 08 Dezembro 2022 - 17h32

Atualizado - 28 Junho 2024 - 14h28

Ana Claudia Bireahls / Médica Veterinária Neurologista

CRMV 15997-PR

Médica Veterinária formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com Especialização em Neurologia de Cães e Gatos pela Anclivepa-SP e Aprimoramento em Neurologia Clínica e Neurocirurgia pelo Centro Integrado de Especialidades Veterinárias. Membro Efetivo da Associação Brasileira de Neurologia Veterinária (ABNV) com Experiência em Clínica Médica, Urgência/Emergência e Neurologia há mais de 5 anos. Atualmente atua exclusivamente com Neurologia de Pequenos Animais em Curitiba e região metropolitana.

Juliana Melo / Repórter

Jornalista formada pela Facha (Faculdades Integradas Hélio Alonso). Sempre amei o universo pet e meu sonho sempre foi ter um cachorro ou gato, mas essa ainda é uma realidade um pouco distante pra mim. Me sinto um pouco Felícia perto dos bichinhos, e acho fantástico poder entender um pouco melhor o comportamento deles e ajudar tantos tutores por aí!

A oportunidade de entrar na equipe do Patas da Casa foi incrível, porque apesar de não ter um pet, sempre tive muita vontade de conhecer e compreender melhor esse universo. Hoje me sinto praticamente uma ‘expert’ em comportamento de cães e gatos e uma das maiores incentivadoras da adoção animal.

• Filme com animal preferido: “Sempre ao Seu Lado”
• Uma raça de cachorro: Dachshund
• Uma raça de gato: Maine Coon
• A curiosidade favorita sobre cachorros: A maneira como um cão se comporta depende principalmente da criação que ele recebe
• A curiosidade favorita sobre gatos: Os gatos enxergam os humanos como seus semelhantes (basicamente como se fôssemos gatos gigantes)
• Sobre o que mais gosta de escrever no universo pet: Comportamento animal
• Um aprendizado: Adotar um cachorro ou gato é uma das decisões mais bonitas que alguém pode tomar, mas que precisa ser feita com muita responsabilidade
• Nome de pet favorito: Bilbo

A hipoplasia cerebelar em gatos não é muito conhecida, mas sua gravidade pode até mesmo deixar o animal sem andar.  Também conhecida como hipoplasia cerebelosa, gatos que são acometidos pela doença normalmente manifestam os sintomas logo nas primeiras semanas de vida e devem ser acompanhados de perto por um veterinário de confiança. A hipoplasia é grave e o gato sem equilíbrio é um dos sinais mais evidentes do problema.

Por ser um quadro que afeta o sistema nervoso central dos felinos, o Patas da Casa conversou com a médica veterinária Ana Claudia Bireahls, especialista em neurologia animal, para entender melhor esta condição. Saiba tudo sobre a doença que deixa o gato sem equilíbrio abaixo!

Patas da Casa: O que é hipoplasia cerebelar em gatos?

Ana Claudia Bireahls: O sistema nervoso central (SNC) dos animais domésticos é dividido em: cérebro, tronco encefálico e cerebelo. Denomina-se “hipoplasia cerebelar” o distúrbio do desenvolvimento do cerebelo, ou seja, uma malformação em que ocorre redução da proliferação celular durante a formação desse órgão, resultando em falha no crescimento e desenvolvimento e, consequentemente, um tamanho diminuído. Trata-se de uma doença grave, sendo a principal malformação que ocorre a nível de SNC em felinos.

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PDC: A hipoplasia cerebral é congênita ou pode ser adquirida? Quais são as causas do problema?

A.C.B: Por se tratar de uma malformação, a hipoplasia cerebelar em gatos só pode ocorrer durante o período de desenvolvimento do cerebelo, que acontece no terço final da gestação até os primeiros 15 dias de vida do neonato. Dessa forma, pode ser congênita, se a hipoplasia acontecer no final da gestação, ou adquirida, se acontecer após o nascimento até as duas primeiras semanas de vida. Após este período, o cerebelo já se encontra completamente formado.

Existem diversas causas de hipoplasia cerebelar, no entanto, a infecção pelo Vírus da Panleucopenia Felina (VPF) é a principal causa em gatos. Fêmeas gestantes que contraem o VPF no início da gestação podem sofrer aborto, enquanto a infecção no terço final da gestação pode causar malformações ao feto, especialmente a hipoplasia cerebelar congênita. Se o neonato se infectar com o VPF durante as duas primeiras semanas de vida pode ocorrer hipoplasia cerebelar adquirida, enquanto a infecção pelo VPF após esse período não causará hipoplasia cerebelar, visto que o cerebelo já está formado.

Outras causas menos comuns de hipoplasia cerebelar em gatos são: genética, ocorrência (durante a gestação e/ou durante os primeiros 15 dias de vida) de doenças causadas por outros agentes infecciosos, deficiências nutricionais, intoxicação felina por substâncias químicas, traumas e administração de contraceptivos nas fêmeas gestantes.

hipoplasia cerebelar em gatos: gato filhote dentro de bolsa
Hipoplasia cerebral: gatos apresentam falta de equilí­brio a partir de três semanas de vida

PDC: Quais são os sintomas da hipoplasia cerebral em gatos?

A.C.B: O cerebelo é responsável pelo equilíbrio e por regulação dos movimentos, sendo assim, a hipoplasia cerebelar gera sinais clínicos de ataxia (incoordenação motora), postura de base ampla, hipermetria (amplitude exagerada dos movimentos), tremor de intenção (tremor de cabeça que se manifesta principalmente em movimentos intencionais, como comer e farejar, por exemplo), e até incapacidade de manter-se em estação. A gravidade dos sinais clínicos depende do grau de hipoplasia em gatos, que pode ser leve à severa.

PDC: Com quanto tempo de vida o animal pode manifestar os primeiros sintomas de hipoplasia cerebelar?

A.C.B: Os sinais clínicos normalmente aparecem por volta das três ou quatro semanas de vida, período em que começam a andar. Na hipoplasia cerebelar não há progressão dos sinais clínicos. A ausência de progressão é importante para diferenciar a hipoplasia cerebelar de outras doenças do cerebelo, que podem se manifestar com os mesmos sinais e na mesma idade, como a abiotrofia cerebelar, mas nessa doença, diferente da hipoplasia cerebelar, há progressão do quadro clínico.

PDC: Como é feito o diagnóstico da hipoplasia?

A.C.B: O diagnóstico presuntivo é feito baseado nos sinais clínicos, idade, evolução e exame físico e neurológico. Exames de imagem como a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética auxiliam no diagnóstico, evidenciando diminuição do tamanho do cerebelo. No entanto, o diagnóstico definitivo se dá apenas por meio de exame histopatológico, em que se observa diversas alterações microscópicas que resultam na hipoplasia cerebelar em gatos.

gato com hipoplasia cerebelar recebendo acupuntura
Fisioterapia e acupuntura são indicações para gato com hipoplasia cerebelar

PDC: Existe tratamento para hipoplasia cerebelar em gatos?

A.C.B: Não existe cura nem tratamento efetivo, pois lesões no sistema nervoso central são irreversíveis. Dessa forma, o prognóstico é reservado, dependendo da gravidade da hipoplasia, que pode ser leve à severa. O animal pode se beneficiar com sessões de fisioterapia e acupuntura veterinária. Caso o animal não consiga se alimentar é necessário entrar com suporte nutricional diferenciado, como métodos parenterais ou enterais.

PDC: Como a fisioterapia e a acupuntura veterinária ajudam um paciente com hipoplasia cerebelar?

A.C.B: A fisioterapia animal em pacientes com hipoplasia cerebelar tem como objetivo melhorar a postura, o tônus muscular e o equilíbrio. Existem diferentes recursos e técnicas direcionadas para isso. A acupuntura também é benéfica nestes casos, possuindo pontos específicos que auxiliam na recuperação motora. No entanto, ainda existem poucos estudos científicos na medicina veterinária relacionados a isso.

PDC: É possível prevenir a hipoplasia cerebelar em gatos?

A.C.B: É possível prevenir a principal causa da hipoplasia cerebelar em gatos, que é infecção pelo Vírus da Panleucopenia Felina, pela vacinação. É importante reforçar que os tutores devem permanecer atentos ao protocolo de vacinação para a prevenção de diversas doenças. Enquanto não forem vacinados, deve ser evitado o contato com outros gatos.

Outras formas de evitar a hipoplasia cerebelar são: o não uso de contraceptivos (anticoncepcional para gatos) e a castração do gato, que se apresenta como uma alternativa eficaz no controle populacional de cães e gatos, pois colabora com a redução da natalidade sem agredir os direitos e bem-estar animal, evitando também o nascimento de animais com algum tipo de malformação.

Redação: Juliana Melo

Edição: Luana Lopes

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