A ração seca é a base da alimentação da maior parte dos cães e fornece os nutrientes essenciais para manter o organismo canino funcionando em equilíbrio. No entanto, mesmo com boa aceitação e tolerância, pode chegar um momento em que esse alimento precisa ser substituído – seja por mudanças nas fases de vida do cachorro, por ajustes nutricionais ou por recomendação do veterinário.
O problema é que, quando a troca da ração não é bem planejada, o animal pode enfrentar algumas reações desconfortáveis, principalmente diarreia e gases. De olho nesse assunto, o Patas da Casa conversou com a médica veterinária Carina Carolina Miranda Costa para saber exatamente como fazer o processo correto de adaptação com uma nova ração e evitar efeitos colaterais no pet. Confira!
Quando realmente é necessário trocar a ração do cachorro
Todo tutor de cachorro precisa saber que a troca de ração não deve ser encarada como algo rotineiro. A grande maioria dos cães mantêm um bom nível de tolerância ao mesmo alimento por longos períodos, sem “enjoar” ou perder o interesse. Diante disso, segundo a veterinária Carina Costa, a introdução de uma nova ração só costuma ser indicada em situações específicas.
O momento de vida do animal, como a passagem de filhote para adulto ou de adulto para sênior, costuma exigir um novo perfil nutricional. Além disso, condições de saúde e particularidades do pet também influenciam nessa decisão: animais com doenças renais, sensibilidade digestiva, alergias alimentares, problemas na pelagem ou com sobrepeso podem demandar uma ração mais adequada.
Questões de qualidade do produto ou a busca por uma formulação mais completa para o dia a dia também justificam a troca de ração. Fora isso, mudanças constantes sem a orientação de um especialistas podem atrapalhar o equilíbrio intestinal do cão e gerar exatamente o efeito contrário ao esperado.
O que pode acontecer quando a ração é trocada da forma errada?
Uma mudança na alimentação do cachorro feita sem cuidado pode ter impactos tanto na saúde quanto no comportamento do animal. De acordo com Carina, podem ocorrer distúrbios gastrointestinais (como diarreia, vômitos, gases, dor ou desconforto), recusa alimentar ou falta de apetite, perda de peso, alergias ou até problemas mais sérios, como gastrite e pancreatite canina.

Além dessas reações, uma troca brusca de ração para cachorro pode comprometer a absorção de nutrientes, afetando o brilho da pelagem, a disposição e a imunidade. Isso porque, quando a adaptação não respeita o tempo necessário, o organismo canino demora mais para reconhecer a nova fórmula, aumentando a chance de estresse gastrointestinal.
Como trocar a ração do cachorro corretamente: passo a passo da adaptação
Diante de todos os possíveis problemas que um cachorro pode ter ao receber uma ração nova, a médica veterinária Carina Costa esclarece que “nunca se deve fazer a troca da alimentação de uma maneira radical e, sim, gradualmente” – a não ser que o animal esteja com um quadro grave de alergia, intoxicação ou alguma comorbidade que exige uma ação mais rápida.
Fora esses casos pontuais, o primeiro passo na troca da ração consiste em misturar pequenas quantidades do novo alimento com a ração antiga, mantendo a maior parte da dieta já conhecida. Com o passar dos dias, o tutor deve aumentar a proporção da nova ração e reduzir a antiga, permitindo que o intestino canino reconheça aos poucos os novos ingredientes.
Para ficar mais claro de entender, a veterinária Carina Costa indica a seguinte proporção:
- Dias 1 e 2: 75% de ração antiga e 25% de ração nova
- Dias 3 e 4: 50% de ração antiga e 50% de ração nova
- Dias 5 e 6: 25% de ração antiga e 75% de ração nova
- Dia 7: 100% de ração nova
Como visto, esse processo costuma levar, em média, 7 dias, podendo variar conforme a sensibilidade digestiva, histórico de saúde e recomendação veterinária. Durante esse período, é importante observar o aspecto do cocô do cachorro, o nível de apetite e o comportamento do pet para avaliar se o ritmo da mudança está adequado. Caso surjam sinais de desconforto, a proporção deve ser ajustada de modo mais lento.
“Além disso, também é importante estabelecer horários fixos de alimentação, reforçar a hidratação e evitar oferecer petiscos em excesso para facilitar a aceitação da nova fórmula”, orienta Carina. Em todos os casos, antes de iniciar a troca da alimentação, ainda vale buscar orientação profissional para escolher a ração ideal para o cachorro e conduzir a transição com mais segurança.