Entreter um cãozinho não é uma tarefa muito difícil, já que esses animais são capazes de se divertirem até mesmo com um simples graveto. Além disso, existe uma grande variedade de brinquedos para cachorro no mercado pet. O problema é que nem toda brincadeira é completamente segura. O uso de cascos e ossos para cachorro divide opiniões: esses objetos podem, sim, ajudar a distrair os cães de diferentes formas, mas poucos tutores compreendem que essa é uma brincadeira que pode se revelar bastante perigosa para o animal.  E foi para entender isso que o Patas da Casa entrevistou veterinários e especialistas para confirmar se o osso e o casco de cachorro podem comprometer a saúde do animal de alguma forma ou não. Veja o que descobrimos!

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Osso natural para cachorro: quais são os riscos do brinquedo?

Mesmo que essa pareça uma brincadeira inofensiva, é importante ter muito cuidado ao oferecer um osso natural para o seu amigo de quatro patas. Para esclarecer os riscos do brinquedo, conversamos com o médico veterinário Fabio Ramires Veloso, de Nova Friburgo, que alerta: “Podem haver complicações como a obstrução esofágica, na qual o osso ou fragmento pode estar alojado e perfurar o esôfago, provocando o reflexo de vômito e tosses, o que também pode levar a lacerações (cortes) na musculatura esofágica e possíveis hemorragias. Também tem o risco de obstrução estomacal e/ou intestinal, desencadeando vômitos, perda de peso, diarreias e que muitas das vezes só é possível a retirada do osso com procedimento cirúrgico”.

E não para por aí: o especialista também explica que dependendo do tipo de osso para cachorro - como, por exemplo, os defumados -, os cães podem sofrer com quadros de intoxicação. Nesse caso, náuseas, vômitos, perda de apetite e diarreia são comuns. Para o brinquedo ser considerado minimamente seguro para o cachorro, o médico veterinário orienta: “O tamanho do osso deve ser grande o suficiente para que o animal não consiga ingeri-lo, sendo importante que o tutor fique atento para retirá-lo do alcance do animal se houver algum desgaste para evitar a ingestão e possíveis complicações”.

Osso natural e osso de nylon para cachorro podem fraturar os dentes

Uma grande diferença entre o osso natural e o osso de nylon para cachorro é que, segundo Fabio, as versões naturais têm minerais, como o cálcio, que não são disponibilizados nos ossos de nylon. No entanto, esse “benefício” acaba se tornando um pouco irrelevante quando paramos para pensar na saúde bucal dos cães.

Os dentes do cachorro participam de diferentes funções na vida de um cãozinho, inclusive as brincadeiras, mas é preciso atenção com esse tipo de brincadeira, como explica a médica veterinária Mariana Lage-Marques, que é especializada em odontologia. “Existem trabalhos que indicam que o uso de ossos naturais aumenta em 40% as fraturas dentárias em cães. Embora não tenham trabalhos científicos que comprovam que a utilização dos ossos de nylon especificamente são prejudiciais, posso dizer pela minha experiência clínica que, atualmente, a maioria das fraturas de dentes de cachorro que chegam no consultório são causadas por ossos de nylon. O motivo para isso é que esses objetos são muito duros e rígidos, e por isso os cães acabam fraturando principalmente os caninos e os quatro pré-molares”.

 

Casco e osso para cachorro: é importante ter muita atenção ao oferecer esses brinquedos para o seu amigo

Casco e osso para cachorro: é importante ter muita atenção ao oferecer esses brinquedos para o seu amigo

 

 

 

 

O que você precisa saber sobre as fraturas nos dentes do cachorro

 

A fratura no dente do cachorro pode ocorrer de diferentes formas, como alerta a especialista Mariana: “A fratura dentária pode acontecer de forma superficial, isto é, sem expor o canal, ou de forma mais intensa, expondo o canal do dente. O canal é a parte interna do dente composta por nervos e vasos sanguíneos, de forma que tal exposição gera a morte do dente e, consequentemente, abscessos que causam muita dor ao paciente”.

 

Ela explica que a polpa do dente diminui com o passar dos anos. Isso quer dizer que um cachorro jovem tem dentes mais fortes, mas quando ele quebra, é bem provável que exponha o canal e precise fazer esse tipo de tratamento. Em cachorros mais velhos, essa parte do dente já calcificou e se retraiu, então eles quebram os dentes com mais facilidade, mas têm menos chances de precisar de um tratamento de canal.

 

Quando os cães sofrem com esse tipo de problema, é difícil de perceber de imediato porque os animais tendem a “mascarar” a dor que eles sentem, por isso uma dica é ficar atento a possíveis sangramentos na cavidade bucal do seu amigo. Além disso, a médica veterinária também alerta que quando um cachorro tem um dente fraturado, ele tende a alternar a mastigação por conta do desconforto.

 

“Qualquer dente fraturado não pode ficar na boca. É necessário fazer uma investigação, porque além dos estímulos dolorosos, há o risco de abscessos e contaminação sistêmica”, alerta. Portanto, esse tipo de avaliação precisa ser feita por um especialista para entender se o dente precisa de extração ou se é possível salvar com o tratamento de canal. “Hoje em dia existem inclusive alternativas como próteses, que a gente coloca sobre o dente após o tratamento de canal para tentar minimizar o risco de novas fraturas”.

 

Casco de boi e casco de vaca para cachorro são igualmente prejudiciais

Outros acessórios que são muito procurados por diversos tutores são os cascos, que podem ser divididos em cascos de vaca ou cascos de boi para cachorro. Esses objetos são um pouco mais moles e menos rígidos do que os ossos, mas isso não quer dizer que eles são mais indicados para os cães. Na verdade, tanto o casco bovino quanto o casco de vaca faz mal para cachorro porque, embora os riscos de fraturas dentárias sejam menores, o animal ainda corre o risco de engolir pequenos pedaços que podem causar complicações para o seu organismo. E não para por aí, os cascos também podem causar problemas dentários bem sérios. 

A cachorrinha Lorota teve graves consequências depois de brincar com cascos

Nem todo mundo sabe dos perigos da brincadeira, então é comum que muitos tutores ofereçam ossos e cascos para cachorro sem ter a devida atenção. No caso da Lorota, cachorrinha da Ana Heloísa Costa, a situação foi bastante alarmante e, infelizmente, não teve um final feliz. “Sempre fui muito preocupada com a saúde e bem-estar da Lorota, então pesquisava muito sobre qualquer coisa antes de oferecer a ela. Já tinha lido na internet que cascos bovinos poderiam causar a quebra de dentes, mas acreditei que era algo muito pouco provável e que só acontecesse com cachorros menores, com dentes mais frágeis. Lorota era uma Dachshund de cerca de 1 ano quando ofereci um casco pela primeira vez, e eu achei muito útil porque definitivamente era o brinquedo/petisco que mais a distraía. Ela roeu vários desses ao longo da vida, até que um deles, indiretamente, fez com que eu a perdesse”.

Os primeiros indícios de que algo não estava bem com a doguinha foram o sangramento bucal e pequenos resquícios de dentes que foram cuspidos por ela. “Abri a boca e vi que um daqueles dentes maiores de trás (os molares) estava quebrado e com um pontinho vermelho à vista. Pesquisando na internet, descobri que aquilo era um canal exposto e, então, propenso à entrada de bactérias que poderiam ocasionar infecções perigosas. Isso sem falar na dor que ela provavelmente estava sentindo”. Para resolver a situação, Ana Heloísa procurou um especialista em odontologia veterinária, afinal, um canal exposto pode ser muito perigoso. A única alternativa era uma cirurgia de extração de canal, que exigia o uso de anestesia geral, e foi durante esse procedimento que a cachorrinha não resistiu.

Apesar de não ter sido a causa direta da morte da cachorrinha, Ana Heloísa acredita que poderia ter evitado a perda se não tivesse oferecido o brinquedo. “Mesmo com exames pré-operatórios indicando a segurança cardíaca do procedimento, Lorota não aguentou. Esse fato em si não teve relação com os dentes quebrados e me explicaram que poderia acontecer com qualquer outro procedimento que exigisse anestesia geral, mas foi muito difícil não me culpar por ter oferecido um petisco que eu sabia que tinha riscos e que, no fim das contas, foi o objeto responsável pela morte dela. Desde então eu aviso a todos os tutores que conheço sobre o risco”.

 

 

A Lorota era uma cachorrinha super brincalhona e que amava brincar com cascos

A Lorota era uma cachorrinha super brincalhona e que amava brincar com cascos

 

 

O osso de couro para cachorro faz mal também?

 

Além dos ossos naturais e de nylon, também é necessário ter atenção com o osso de couro para cachorro. Segundo Fabio, esse tipo de brinquedo pode fazer mal em algumas condições. “Primeiro, o tamanho do osso deve ser maior do que o do cão para não ocorrer obstruções e engasgos; segundo, comprar sempre aqueles que vêm embalados separadamente para minimizar as contaminações; terceiro, se consumido em excesso, o osso de couro para cachorro pode provocar diarreia, e por isso é bom evitar em grandes quantidades. No meu ponto de vista, indico um osso a cada 15 dias”.

Para entender melhor sobre a possibilidade de contaminação, é necessário entender que o processamento do couro ocorre por diferentes etapas. Durante o procedimento, o couro pode entrar em contato com substâncias consideradas tóxicas para os cães. Por isso, o médico veterinário alerta: “É importante ler a descrição do produto, principalmente no caso de animais alérgicos”.

Então, qual é o melhor osso para cachorro?

Não é possível chegar a uma resposta para isso, porque todo tipo de brincadeira envolvendo ossos ou casco bovino para cães pode ser prejudicial para a saúde do animal. Portanto, vai da escolha de cada tutor para assumir os riscos de cada brinquedo e se comprometer a supervisionar o cãozinho. “Infelizmente qualquer dos tipos podem levar a complicações, já que até mesmo pequenos fragmentos podem levar a obstruções, por exemplo. Então vale ressaltar a observação do tutor ao fornecer o osso e acompanhar o comportamento do animal”, orienta Fabio. Vale destacar ainda que os problemas geralmente ocorrem em cães jovens ou muito agitados que podem vir a engolir fragmentos do brinquedo.

Cascos e ossos para cachorro: como identificar quando o animal precisa de ajuda?

O ideal é que esse tipo de brincadeira seja sempre supervisionada pelo tutor para evitar que acidentes aconteçam. Mas se por um acaso o cãozinho tiver acesso aos cascos e ossos sem supervisão, é importante ficar atento a possíveis sinais de problemas. O médico veterinário Fabio destaca os sintomas mais comuns dos seguintes quadros:

• Obstrução intestinal: o animal vai apresentar apatia, perda de apetite, diarreias, dor abdominal, distensão abdominal e muitos vômitos.

• Engasgamento: o animal vai ter muito reflexo de vômitos, tosses e salivação aumentada.

• Intoxicação: inicialmente, o cão vai apresentar perda de apetite, vômitos, diarreia e pode ter febre em alguns casos.

Ao identificar qualquer uma dessas situações descritas acima, é imprescindível procurar a ajuda de um profissional o quanto antes.

Veja outros brinquedos de cachorro que podem substituir os ossos e cascos

O que não faltam são opções para garantir a diversão do seu doguinho! Mordedores, bolinhas, brinquedos interativos com ração... enfim, são infinitas possibilidades. “O ideal são brinquedos que sejam mais duráveis, que não possam ser destruídos com facilidade e principalmente que não sejam de produtos tóxicos para os cães”, recomenda o veterinário Fabio. Já a dentista Mariana alerta para uma outra questão que também deve ser levada em consideração na hora da escolha do brinquedo: “Os melhores brinquedos são aqueles que não são tão duros ou que sejam específicos para mastigação. Também é importante que no início ele seja oferecido com supervisão e monitoramento do tutor”.

A tutora Ana Heloísa, por outro lado, adotou uma outra cadelinha e comentou quais são as opções preferidas dela hoje em dia: “Depois da Lorota, adotei a Amora, uma filhote de dentinhos nervosos e não tive coragem de oferecer ossos naturais e cascos a ela. Me atenho aos ossinhos de couro (especialmente uns que são só uma tirinha, que não soltam pedaços que podem fazer engasgar), brinquedos de corda, cenouras cruas, petiscos mais macios e brinquedos de borracha aromatizada”.

Redação: Juliana Melo