O botulismo canino é uma doença neurológica rara que pode comprometer bastante a saúde do cachorro. Os animais são infectados principalmente por meio da ingestão de carcaças em decomposição, comida deteriorada, carne crua ou lixos com restos de alimento. O sistema nervoso periférico é afetado e pode causar paralisia do neurônio motor inferior. O botulismo canino é um tipo muito grave de intoxicação alimentar em cães que, se não for tratada a tempo, pode levar o paciente à óbito. Para entender melhor como essa doença de cachorro se desenvolve e quais os riscos que ela oferece para o cachorro, preparamos uma matéria com tudo que você precisa saber sobre o assunto.

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O que é botulismo em cães?

O botulismo em cachorro é causado pela toxina da bactéria Clostridium botulinum. Trata-se de um micro-organismo anaeróbio (não precisa de oxigênio para sobreviver), saprófito (se alimenta de matéria orgânica em decomposição) e que tem como habitat natural o solo, mas também pode ser encontrado em sedimentos marinhos. A bactéria produz sete tipos de toxina botulínica, nomeados de A a G. Nos humanos, os tipos A, B e E são os mais comuns. Já nos cachorros, o botulismo é causado pela toxina do tipo C.

Botulismo: cachorro contrai a doença por meio de alimentação

A toxina responsável pelo botulismo em cães pode estar presente em carcaças de animais em decomposição. Quando o cachorro se alimenta de uma carcaça contaminada, se infecta. Essa é a maneira mais comum de contrair o botulismo canino, mas o contágio também pode acontecer por meio da ingestão de carnes cruas e restos de alimentos contaminados. Essa é uma doença que pode afetar qualquer cachorro, independentemente de idade, raça ou sexo. Porém, é importante ter certa atenção, pois no caso de fêmeas grávidas, o botulismo pode provocar o aborto ou a má formação do feto, embora seja raro.

Botulismo em cães: de que forma a infecção age no corpo?

Para entender todo o processo de desenvolvimento do botulismo em cães, é necessário entender um pouquinho sobre a anatomia canina. Para começar, a toxina é absorvida pelo estômago e pelo intestino delgado. Depois, cai na corrente sanguínea e se distribui pelo corpo. Ela chega até as junções neuromusculares, que é a área de sinapse entre a terminação motora do neurônio e uma fibra muscular. É nessa comunicação entre nervo e músculo que as contrações musculares acontecem e é exatamente nesse local que a toxina do botulismo canino vai atuar.

A toxina se liga na membrana da junção neuromuscular por meio de endocitose e impede a liberação de acetilcolina. A acetilcolina é um neurotransmissor - ou seja, uma substância química produzida por neurônios que envia mensagens ao corpo todo - que está relacionada com a memória dos cachorros, aprendizado e movimento dos músculos.

Quando a substância do botulismo em cães entra em ação, ela impede que a acetilcolina seja liberada na junção entre neurônio e músculo, causando falha de comunicação. Como a acetilcolina não é liberada, o movimento de contração muscular não é feito, resultando em paralisia. Por se tratar de uma paralisia progressiva e ascendente, começa nos membros pélvicos e se expande para os membros torácicos. Pode chegar também aos nervos cranianos e espinhais.

 

A paralisia é uma das consequências do botulismo em cães

A paralisia é uma das consequências do botulismo em cães

 

 

Quais são os sintomas do botulismo em cachorro?

 

O espaço de tempo entre a infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas é de menos de seis dias. Em alguns casos, os sinais clínicos aparecem nas primeiras 24 horas. A gravidade de cada sintoma é variável, dependendo da quantidade de toxina ingerida pelo cão. Os sintomas mais comuns em um cachorro com botulismo são:

  • Paralisia muscular flácida: acontece porque a acetilcolina para de ser liberada, causando a falta de estímulo para o movimento de contração muscular.

  • Fraqueza e perda do tônus muscular: o tônus muscular é a tensão leve e permanente que um músculo tem mesmo parado. No botulismo, cachorro perde a força do tônus. A fraqueza extrema faz o cão ter dificuldade de ficar em pé. Por isso, permanece em decúbito - ou seja, deitado.

  • Megaesôfago: o esôfago é o órgão responsável por conduzir os alimentos ao estômago. O megaesôfago canino acontece quando há uma disfunção neuromotora que causa dilatação, dificultando os movimentos peristálticos. Com isso, o cachorro apresenta regurgitação. No botulismo, o megaesôfago é do tipo secundário. 

  • Fraqueza nos músculos da face, mandíbula e faringe: quando a paralisia afeta os nervos dessas regiões, suas musculaturas também são afetadas, causando salivação excessiva (sialorreia), dificuldade de engolir, dificuldade para comer e diminuição do reflexo da pálpebra.

  • Hiporreflexia: diminuição ou fraqueza dos reflexos.

  • Constipação e retenção de urina

  • Paralisia do diafragma: pode começar com uma paresia (diminuição do movimento) e evoluir para paralisia (ausência total do movimento). Essa é a consequência mais grave da doença. O diafragma é um dos músculos mais importantes no processo de respiração. Se ficar paralisado, acontece uma parada respiratória que pode levar à morte.

 

No tratamento do botulismo, cachorro deve ficar em local acolchoado e ter a posição trocada regularmente

No tratamento do botulismo, cachorro deve ficar em local acolchoado e ter a posição trocada regularmente

 

 

Como é feito o diagnóstico do botulismo canino?

 

É muito difícil diagnosticar o botulismo em cães. Como a doença não é transmitida pela bactéria em si, mas pela toxina, é mais complicado encontrá-la em uma amostra. O diagnóstico é feito principalmente por meio da análise dos sintomas e do histórico do animal de ingestão de carcaças, O botulismo canino é confirmado por meio de exames laboratoriais para encontrar a toxina no soro, fezes ou vômito, ou após a confirmação da existência de toxina no alimento ingerido. Caso a doença já tenha causado problemas como o megaesôfago canino e infecções urinárias ou respiratórias, é necessário buscar ajuda o quanto antes para realizar exames mais específicos, como radiografias.

Botulismo em cães: tratamento de suporte é o mais adequado

Depois que o diagnóstico é confirmado, muitos tutores logo se perguntam como tratar o botulismo em cães, mas a verdade é que não existe um tratamento específico para a doença. Geralmente, o mais indicado é realizar um tratamento de suporte para controlar os sintomas, o que ajuda o cachorro a se recuperar mais rapidamente.

Caso a ingestão de toxina tenha sido recente, podem ser feitas lavagens gástricas como parte do tratamento. Se a doença estiver no início, também é possível administrar laxantes, que vão ajudar na remoção das toxinas que não foram absorvidas. Vale destacar ainda que o uso de antibióticos pode ser prescrito pelo médico veterinário, já que eles servem como remédio para botulismo em cães. Além disso, fazer compressão manual na bexiga é fundamental para ajudar na recuperação do animal.

Cuidar do cãozinho que sofreu com o botulismo canino também é essencial nesse processo. Para começar, é extremamente importante que o cachorro que fica deitado por muito tempo esteja em um lugar acolchoado. Ele também precisa da troca de decúbito, ou seja, da troca de sua posição enquanto estiver deitado, para evitar uma infecção respiratória. Para ajudar na recuperação dos movimentos, a fisioterapia é muito indicada, e durante esse período o tutor deve auxiliar o paciente na alimentação. Vale lembrar que as terminações dos neurônios precisam se regenerar ao longo do tratamento e isso ocorre lentamente.

O cão pode levar de uma a três semanas para se recuperar totalmente, se seguir direitinho o tratamento. Botulismo em cães não deixa sequelas, mas o cachorro não está imune. Portanto, evite deixar seu cão passear em locais que possam ter carcaças de animais e comer alimentos crus. 

Redação: Maria Luísa Pimenta