Gato

7 poemas encantadores sobre gatos que todo amante de felinos vai amar (e se identificar!)

Publicado - 08 Agosto 2025 - 14h44

Atualizado - 08 Agosto 2025 - 14h55

Foto de Adriana Douglas - Redatora

Adriana Douglas / Redatora

Jornalista formada desde 2010 pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, sou especialista na cobertura de temas diversos, que vão de saúde a estilo de vida, passando pelo universo pet em muitas ocasiões. Os animais, inclusive, são uma das minhas grandes paixões na vida, sendo que um sonho meu é abrir um santuário de animais junto com meu irmão veterinário, onde eu possa cuidar e dar muito carinho a todo tipo de bicho.

Sou uma gateira assumida: meu primeiro gatinho, Nano, chegou em casa quando eu tinha uns 5 anos de idade. Ele foi um gato cheio de personalidade, todo branco, de olhos amarelos, que viveu quase 18 anos. Depois, vieram outros três: Neno (“sialata” muito amoroso e bonzinho), Nino (dengoso, mas meio nervosinho) e Nina (uma gata tricolor medrosa, que adora dormir dentro dos armários).

Em 2018, uma gatinha de rua resolveu “adotar” a família do meu marido e passou a morar com meus sogros. Chamada Tigrinha (por causa do seu pelo), ela é de longe a gata mais amorosa, mansa e dengosa que existe. Essa gatinha, que nasceu com o rabinho curto, teve duas ninhadas de gatinhos conosco. Dos 9 filhotes, acabei ficando com dois: Milk (um macho preto e branco rajado peludão) e Shake (uma fêmea tricolor com “luvinhas” brancas). São meus “Pururucos”, meus filhos mansinhos e dengosos.

Eu poderia passar horas falando sobre gatos e toda espécie de bicho (também já resgatei uma calopsita na rua, que virou pet do meu irmão). E é por isso mesmo que é uma grande satisfação ser colaboradora do Patas da Casa!

• Filme com animal preferido: “A Dama e o Vagabundo”
• Uma raça de cachorro: Labrador
• Uma raça de gato: Vira-lata
• A curiosidade favorita sobre cachorros: Os filhotes de cachorro normalmente choram porque sentem saudade da mãe e dos seus irmãos.
• A curiosidade favorita sobre gatos: Os gatos afofam as cobertas e os humanos por uma lembrança do que faziam quando filhotes durante a amamentação.
• Sobre o que mais gosta de escrever no universo pet: Raças de gatos e cachorros
• Um aprendizado: Os animais são excelentes companhias e parceiros fiéis para toda a vida!
• Nome de pet favorito: Meleca

Se existe uma data que todo gateiro deve marcar no calendário é o Dia Internacional do Gato, comemorado todos os anos em 8 de agosto. A ocasião é perfeita para celebrar esses animais tão especiais, de olhar atento e passos silenciosos, que encantam os seres humanos há milênios. E nada combina mais com o jeito enigmático e adorável dos felinos do que a poesia.

Por isso, reunimos aqui 7 poemas sobre gatos escritos por autores consagrados, que capturam a verdadeira essência desses pets: independentes, afetuosos, misteriosos e, claro, irresistíveis. Cada obra é uma oportunidade para sorrir, refletir ou se emocionar — especialmente neste dia, em que celebramos esses bichinhos que transformam qualquer casa em lar apenas com um ronronar. Confira os textos e escolha o seu favorito!

1) “O Gato” – Guillaume Apollinaire (tradução de Álvaro Faleiros)

Desejo manter em meu lar:
uma companheira a pensar,
andando entre livros um gato,
bons amigos sempre a passar
sem os quais o viver é ingrato.

Encontrado no livro “O bestiário ou o cortejo de Orfeu”, do celebrado autor francês Guillaume Apollinaire, esse poema sobre gatos retrata o animal como parte essencial de um lar acolhedor. Apesar de curtinho, ele com certeza vai fazer muitos tutores de felino se reconhecerem em seus versos.

2) “Gato num apartamento vazio” – Wisława Szymborska (tradução de Regina Przybycien)

Morrer – isso não se faz a um gato.
Pois o que há de fazer um gato
num apartamento vazio.
Trepar pelas paredes.
Esfregar-se nos móveis.
Nada aqui parece mudado,
e no entanto algo mudou.
Nada parece mexido,
e no entanto está diferente.
E à noite a lâmpada já não se acende.

Ouvem-se passos na escada,
mas não são aqueles.
A mão que põe o peixe no pratinho,
também já não é a mesma.

Algo aqui não começa
na hora costumeira.
Algo não acontece
como deve.
Alguém esteve aqui e esteve,
e de repente desapareceu
e teima em não aparecer.

Cada armário foi vasculhado.
As prateleiras percorridas.
Explorações sobre o tapete nada mostraram.
Até uma regra foi quebrada
e os papéis remexidos.
Que mais se pode fazer.
Dormir e esperar.

Espera só ele voltar,
espera ele aparecer.
Vai aprender,
que isso não se faz a um gato.
Para junto dele
como quem não quer nada,
devagarinho,
sobre patas muito ofendidas.
E nada de pular miar no princípio.

Escrito pela autora polonesa Wisława Szymborska, que foi vencedora do prêmio Nobel de Literatura em 1996, este poema faz uma reflexão delicada sobre a dor da ausência através dos olhos do gato. O texto pode ser encontrado no livro “Poemas” (2011) e é pura poesia para os gateiros de plantão!

Gato branco e preto no meio de livros
Fernando Pessoa, Baudelaire, T.S Eliot e até Vinicius de Moraes fizeram belos poemas sobre gatos

3) “Gato que brincas na rua” – Fernando Pessoa

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Esta é uma obra profunda do célebre autor português Fernando Pessoa, que traz a liberdade felina como um espelho do “eu interior”. Publicado na coletânea “Poesias” (1942), esse poema é imperdível para quem vive com gatos.

4) “Ode ao Gato” – Pablo Neruda (Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Os animais foram
imperfeitos,
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça, voo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.

O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo,
do pressentimento ao rato vivo,
da noite até seus olhos de ouro.

Não há unidade
como ele,
não tem
a lua nem a flor
tal contextura:
é uma só coisa
como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa de um navio.
Seus olhos amarelos
deixaram uma só
ranhura
para jogar as moedas da noite.

Oh pequeno
imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão, nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no solo,
cheirando,
desconfiando
de todo o terrestre,
porque tudo
é imundo
para o imaculado pé do gato.

Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta
dos quartos,
insígnia
de um
desaparecido veludo,
seguramente não há
enigma
na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e pertences
ao habitante menos misterioso,
talvez todos o acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gatos, companheiros,
colegas,
discípulos ou amigos
do seu gato.

Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço ao gato.
Tudo sei, a vida e seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica,
o gineceu com seus extravios,
o por e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casaca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
o seu olho tem números de ouro.

O famoso escritor chileno Pablo Neruda foi um amante de gatos declarado, a ponto de dedicar alguns belos versos aos felinos. Originalmente publicado em “Navegaciones y Regresos” (1959), este texto celebra com exuberância a autonomia e a perfeição felina que tanto amamos!

5) “O Gato” – Vinicius de Moraes

Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, para
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga.

O poema “O Gato”, de Vinicius de Moraes, é uma retratação afetuosa e precisa sobre a natureza felina. Em poucos versos, o autor retrata a elegância, a destreza e a essência instintiva do animal, características que fazem dele uma figura quase mítica no cotidiano. Encontra-se no livro “A Arca de Noé” (1970), que é uma coletânea de poemas infantis.

Gato rajado olhado de cima, sentado sobre livros abertos
A literatura também celebra os gatos em poemas encantadores que todo gateiro precisa conhecer

6) “O Gato” - Charles Baudelaire (Tradução de Jamil Almansur Haddad)

Meu gato, vem, ao meu peito amoroso;
Contém as garras afinal,
E que eu mergulhe em teu olhar, formoso,
Que é feito de ágata e metal.

Se os meus dedos afagam no lazer
Tua testa e teu dorso elástico,
Se a minha mão se embriaga de prazer
De palpar o teu corpo elétrico,

Em espírito a vejo. Seu olhar
Tão amável como tu és
É como frios dardos a cortar.

E da cabeça até os pés
Um ar sutil, um perfume traiçoeiro
Nadando-lhe em torno do corpo trigueiro.

Este poema sobre gatos é um clássico da poesia francesa, onde o autor Charles Baudelaire enaltece a beleza, a sensualidade e o magnetismo misterioso dos felinos. Não à toa a obra se encontra no livro mais famoso do escritor, “As Flores do Mal” (1857).

7) “O Nome dos Gatos” - T.S Eliot (Tradução de Rodrigo Suzuki Cintra)

Dar nome aos gatos é assunto complicado,
Não é apenas um jogo que divirta adolescentes;
Podem pensar, à primeira vista, que sou doido desvairado
Quando eu digo, um gato deve ter TRÊS NOMES DIFERENTES.

Primeiro, temos o nome que a família usa diariamente,
Como Pedro, Augusto, Alonso ou Zé Maria,
Como Vitor ou Jonas, Jorge ou Gui Clemente –
Todos nomes sensíveis para o dia-a-dia.

Há nomes mais requintados se pensam que podem soar melhor,
Alguns para os cavalheiros, outros para titia:
Como Platão, Demetrius, Electra ou Eleonor –
Mas todos eles são sensíveis nomes de todo dia.

Mas eu digo, um gato precisa ter um nome que é particular,
Um nome que lhe é peculiar, e que muito o dignifica,

De outro modo, como poderia manter sua cauda perpendicular,
Ou espreguiçar os bigodes, orgulhar-se de sua estica?
Dos nomes deste tipo, posso oferecer um quórum,
Como Munkustrap, Quaxo, ou Coricopato,
Como Bombalurina, ou mesmo Jellylorum –

Nomes que nunca pertencem a mais de um gato.
Mas, acima e para além, ainda existe um nome a suprir,
E este é o nome que você jamais cogitaria;

O nome que nenhuma investigação humana pode descobrir –
Mas O GATO E SOMENTE ELE SABE, e nunca o confessaria.

Se um gato for surpreendido com um olhar de meditação,
A razão, eu lhe digo, é sempre a mesma que o consome:
Sua mente está engajada em uma rápida contemplação
De lembrar, de lembrar, de lembrar qual é o seu nome:
Seu inefável afável
Inefavefável

Oculto, inescrutável e singular Nome.

Outro poema que todo gateiro precisa conhecer é "O Nome dos Gatos", do escritor americano T.S. Eliot. A obra faz uma divertida e engenhosa reflexão sobre a complexa identidade felina. Nele, o autor explica que cada gato possui três nomes: um comum, dado pelos humanos; um mais peculiar, que o diferencia dos demais; e um terceiro, secreto, conhecido apenas pelo próprio gato. O texto aparece no livro "Os Gatos", um dos trabalhos mais conhecidos de Eliot e que serviu de base para o famoso musical "Cats", da Broadway.

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