Sarna demodécica em gatos e cães: o que é a doença?

Muita gente ainda possui dúvidas sobre a sarna demodécica em cães e outros animais, principalmente porque o ácaro que provoca a doença já faz parte naturalmente da pele desses animais. Mas a veterinária dermatologista Márcia Lima explicou exatamente como ocorre o problema: “Tanto em cães, gatos e seres humanos, a sarna Demodex é um dos muitos habitantes da pele. Mas cada um tem sua espécie própria de Demodex habitando o folículo piloso, sem que haja desconforto ou alteração aparente. Ainda que haja contato direto, pele com pele, a Demodex do cão não sobrevive na pele humana e vice-versa. Por esse motivo, não é considerada uma doença transmissível.”

A especialista conta que a predisposição genética, alinhada com fatores externos, pode ser um dos principais motivos de desenvolvimento de sarna negra em cachorro. “Os estudos mais recentes mostram que, em cães que possuem tendência genética, algumas situações debilitantes podem comprometer os mecanismos de controle da multiplicação desse ácaro da pele. Assim, o estresse do macho que para de comer e se estressa, pelo cio da cadela do vizinho, ou a debilidade causada por uma verminose intestinal no filhote, poderiam facilmente atuar como causas da Sarna Demodécica nesses indivíduos geneticamente predispostos”, diz Márcia.

Sarna negra: cachorro apresenta sintomas fáceis de serem identificados

Os sintomas da sarna demodécica são relativamente fáceis de serem identificados pelo tutor. A especialista Márcia explica que o ácaro que habita o interior piloso dos cães apresenta sinais bem característicos de lesão alopecia (queda de pelos) quando se multiplica. Com o passar do tempo sem tratamento é comum que alguma infecção bacteriana além da sarna aconteça causando descamação, vermelhidão e coceira. “Com a realização de alguns exames de triagem da pele, durante a consulta com o médico veterinário, é possível identificar se os sintomas apresentados são causados só por bactérias ou se há a presença da sarna também”, completa.

A sarna negra pode se manifestar de forma localizada ou generalizada. Na localizada haverá poucas lesões no corpo; já na generalizada toda uma região ou todas as extremidades do animal são comprometidas.

Sarna demodécica: tratamento diminui a quantidade de ácaros na pele

 

O tratamento da sarna negra deve ser iniciado o quanto antes para impedir sua evolução. Mas afinal, a sarna demodécica tem cura? Veja o que a veterinária disse: “Com as medicações acaricidas disponíveis hoje, é possível conseguir o que chamamos de 'cura parasitológica', o que significa dizer que a medicação reduz o número de ácaros na pele a algo perto de zero, a ponto de não serem mais encontrados nos exames de acompanhamento das lesões." No entanto, outros fatores são considerados na hora do tratamento fazer efeito. "Como a sarna demodécica ocorre em animais predispostos geneticamente a permitirem a multiplicação desse ácaro na pele, e como as medicações atuais não conseguem mudar a genética do paciente, o tratamento com acaricidas não consegue uma cura definitiva. Se o cão passar novamente por alguma situação debilitante, pode repetir as lesões”, explica Márcia.

Existem tutores que buscam receitas de remédio para sarna demodécica caseiro na intenção de auxiliar o animal que sofre com o problema, mas o mais indicado é buscar um especialista para o tratamento adequado. “Como a forma localizada da doença pode ser auto limitante e melhorar sem a necessidade de um acaricida, é muito comum a gente ficar com a sensação de que um ou outro protocolo caseiro funcionou, mas não há estudos científicos demonstrando que qualquer remédio para sarna negra caseiro que aplica na pele do cão tenha qualquer benefício”, alerta. Apesar disso, a veterinária explica que ter um cuidado especial com a alimentação do cãozinho debilitado pode fazer toda a diferença no tratamento da complicação: “Se a nutrição está adequada ao estilo de vida, ao peso e à idade do cão, mesmo tendo genética facilitadora e passando por alguma situação debilitante, o esperado é acontecer a forma localizada e menos grave da doença.”

Redação: Hyago Bandeira