Comportamento animal

Cachorro dominante: veterinária comportamentalista dá dicas de como amenizar o comportamento

Publicado - 27 Outubro 2022 - 16h25

Atualizado - 23 Abril 2024 - 20h06

Para entender e educar um cachorro dominante é preciso saber como uma matilha funciona. O conceito de matilha se refere a um grupo social de cães de caça que se organizava por hierarquias. Especula-se que os cães de caça vieram do extinto lobo eurasiano, espécie que sobrevivia por meio da caça e guarda para proteger seus semelhantes. Mesmo com a domesticação, os cães herdaram esse comportamento e ainda os reproduzem no lar com a família, como dominantes ou submissos. Ou seja, para o seu cachorrinho que vive dentro de casa, a família é como uma matilha. Quem explica melhor como funciona esse comportamento canino é a veterinária e comportamentalista Renata Bloomfield, que deu dicas de como lidar com um cachorro dominante. Confira!

Adestrar o cachorro dominante vai melhorar a relação dele com o mundo

Seja um cachorro manso ou aquele considerado dominante, o adestramento melhora a convivência do animal com a sociedade. Renata Bloomfield aponta que alguns cães dominantes têm o instinto de proteção, e que o tutor precisa ter confiança para ensinar que ele não tem esse dever: “É necessário saber lidar e mostrar para ele que não precisa proteger, além de evitar gatilhos que levam o animal a esse comportamento. Se o humano não sabe lidar e o cachorro fica agressivo, a melhor forma é o apoio de um profissional de comportamento animal para ajudar.”

A comportamentalista reitera que os cães têm a intuição de tomar a frente em diversas situações, mas que isso faz parte do comportamento natural deles. O problema é quando o animal extrapola e essa atitude se torna agressiva. “Muitos tomam a frente de maneira saudável, como no ParCão. Quando deixa de ser saudável, é bom buscar um especialista”, diz.

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Para entender a personalidade do cachorro dominante, é preciso voltar à origem da domesticação canina. A veterinária conta que as primeiras raças de cachorro foram criadas para auxiliar nas demandas do homem: “Cada raça foi desenvolvida e selecionada geneticamente para tomar a frente de situações conforme a necessidade do ser humano. As raças de guarda estão sempre à frente para tomar conta do território, seja para a guarda pessoal ou pastoreio - como o Border Collie.”

Matilha de cães: quais são as características de cachorro dominante e submisso?

Mas como saber se o cachorro é dominante ou submisso? Basta observar seu comportamento: postura de proteção e autoridade sobre outros cães são fortes indícios de que ele quer dominar e defender seus semelhantes - no caso, o tutor e sua família. Outro indicativo é um cão que se torna agressivo ao receber um comando, pois isso mostra que ele não aceita ser confrontado. Já os sinais de cachorro submisso é recuar diante de outros pets ou pessoas desconhecidas, além de não ser competitivo durante brincadeiras. O pet também é mais carinhoso e obediente aos comandos. Veja a seguir 8 dicas de Renata Bloomfield para lidar com um cachorro dominante.

1) Adestramento positivo é o mais recomendado para cães dominantes

O adestramento de cães com reforço positivo é o mais indicado na hora de lidar com um cachorro mais dominante. A técnica serve para todas as fases de vida do animal e consiste em associar comandos e regras que o cachorro precisa seguir  com coisas boas. “O reforço positivo é feito a vida toda, seja para cães dominantes ou com medo, é preciso ensinar o caminho certo através desse método. Usar sempre, pois eu comparo o aprendizado do cão ao da criança na escola. Se elas esquecem tudo nas férias, imagine os cães. Por isso deve se treinar durante a semana”, explica Renata.

2) Socialização ajuda a lidar com cachorro dominante e territorialista

A socialização do cachorro o prepara para lidar com diversas situações que encontrará durante a vida. Por isso, é essencial fazer com que o cachorro se acostume desde cedo com barulhos, crianças, pessoas desconhecidas e outros animais. “A socialização é primordial para todos os cães. Mas algumas raças têm predisposição para essa conduta: os Terriers são territorialistas e os cães de guarda também. Mas até mesmo um cão que não tem essas características vai precisar de socialização, pois nada garante que a longo prazo ele não venha a desenvolver esse comportamento de guardar território. Isso varia de indivíduo para indivíduo.”

3) Frequência dos treinos é fundamental para tirar a dominância do cachorro

Contornar a dominância de um cachorro filhote ou adulto não é impossível, mas o tutor deve usar as técnicas corretas. Além da socialização, use e abuse de exercícios e brincadeiras com comandos: ensine o cachorro a sentar, ficar, dar a pata, entre outros. Tudo isso vai fazer com que o pet entenda que os humanos esperam uma atitude dele associada a um comando ou gesto. A veterinária indica que até o tutor deve reproduzir os exercícios em casa para ter mais sucesso: "Muita gente não faz e o cachorro associa os comandos ao profissional. Aí o cachorro não acata a família, pois cada um tem uma linguagem corporal e tom de fala. Quanto mais exercitar os treinos, vai ser melhor. O trabalho é feito desde que o cachorro chega em casa, não importa se é filhote, jovem, adulto ou idoso.”

4) Não use a punição para corrigir um cachorro dominante

Os cães têm vários hábitos que fazem parte do seu comportamento e ele gosta ou acredita ser o melhor a se fazer naquele momento. Um cachorro agressivo, por exemplo, teve um gatilho para agir daquela forma. Mesmo assim, jamais use agressão para corrigi-lo. “Evitar punição sempre. Se o cão faz uma atividade que a família não quer, é preciso fazer ele parar e vir até você. Se ele achar que vai ser punido com gritos ou agressão, ele vai pensar duas vezes antes de parar algo que gosta de fazer", explica a comportamentalista. Lembre-se também de sempre recompensar bons comportamentos quando o animal obedece. 

cachorro dominante sendo adestrado

5) Cachorro dominante têm instinto de proteção aguçado

 

Algumas raças de cachorro herdaram o instinto de guarda ou caça para proteger a matilha. E o que é matilha? É o agrupamento de cães. Mas nesse caso, a matilha são os indivíduos que dividem o lar com o pet. Assim como no grupo social de cães, eles têm a noção de quem precisa proteger ou guiar seus semelhantes. Renata Bloomfield explica: “Na matilha, um é melhor na caça, outro na guarda e tem aquele que protege o território”.

Isso mostra porque alguns cães parecem ‘mandar na casa’. Eles acreditam que todos estão indefesos e que precisa assumir o comando. Mas tudo isso é o intuito de um cachorro protetor. “A última coisa que eles fazem é brigar, podem rosnar, mas dificilmente há lesão, pois quando um fica doente ou lesionado, isso atrasa o bando e eles ficam vulneráveis”, diz Renata. Ou seja, uma matilha de cães jamais vai brigar entre si.

6) Cachorro adulto com comportamento dominante precisa ser treinado

No caso de um cachorro adulto, Renata recomenda aproveitar o comportamento dominante do animal e transformar em obediência com comandos básicos. “Se você tem um cão dominante adulto em casa, o treino é orientá-lo a fazer o trabalho que foi selecionado geneticamente para exercer da forma mais saudável possível. Se é um cão de guarda, é fundamental ensinar que ele tem que aprender os comandos básicos, como senta, deita e fica. Mas o ideal é que qualquer cachorro soubesse fazer isso para não colocar em risco outras pessoas”, explica.

7) Estude as raças e o comportamento de cachorro antes de adotar um

Renata Bloomfield aponta que é sempre bom avaliar a raça e casar sua necessidade ao instinto do animal. Se você quer um cachorro para brincar com crianças e passear por aí sem muito estresse, um cão de guarda pode não ser a melhor opção: “Fazer o controle dessa raça é mais difícil do que de um animal de companhia, como o Chihuahua. Um Rottweiler não pode ser de companhia, ele não serve para isso.” Algumas raças dominantes carregam mais instinto protetor do que outras. Como é o caso do Chow Chow e Pastor Alemão.

Um filhote de qualquer raça já pode demonstrar comportamentos dominantes desde cedo: “Infelizmente existe o preconceito com cães de guarda com outros pets, pessoas e crianças. Durante a escolha do filhote, acreditamos que aquele que está abaixo de outro filhote é submisso. Aquele que derrubou é mais seguro de si e o outro desenvolve agressividade por medo”, detalha.

8) Matilha: todo cachorro precisa de um bom líder

“Os cães não querem dominar ninguém. Na verdade eles tomam a frente conforme a situação acontece”, esclarece Renata. Por isso é importante que desde cedo o tutor assuma uma postura de liderança. O cachorro precisa entender que é o dono quem vai determinar o que ele deve ou não fazer. O manejo correto de um comportamento, seja ele certo ou errado, vai mostrar que não é o animal quem controla o passeio ou a casa. Mas não se esqueça: é preciso amor, paciência, uso de técnicas corretas e recompensas para que o animal entenda sua posição na "matilha" familiar.

Redação: Erika Martins

Edição: Luana Lopes

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