Você sabe o que é a lágrima ácida em cães e gatos? Esse termo é utilizado para descrever situações em que a lágrima adquira um aspecto amarronzado, diferente do usual, e acaba formando certas manchinhas no olho de algumas raças, podendo ser ocasionada por um cachorro com olho remelando ou lacrimejando em excesso. O que poucos sabem é que quando se trata da lágrima ácida, cachorro e gato não necessariamente têm a presença de qualquer acidez no ducto lacrimal e não é algo que faz mal para o pet.

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Mas quais são as causas da famosa “lágrima ácida”? Cães e gatos podem ter alguma predisposição genética para o problema? Quais os sintomas e melhores formas de tratar? O Patas da Casa conversou com o médico veterinário Thiago Ferreira, que é especialista em oftalmologia, para esclarecer as principais dúvidas sobre o problema. Confira!

O que é a lágrima ácida e como ela se forma?

Segundo Thiago, o termo lágrima ácida em cães e gatos é um tanto equivocado e deveria ser repensado, pois pode confundir bastante quem não é da área veterinária. “Quando falamos em lágrima ácida, os tutores já atribuem a lágrima a algo que pode machucar o paciente ou prejudicá-lo de alguma forma. Mas, na verdade, o termo correto seria epífora, porque a lágrima não é ácida - pelo contrário, ela é básica”.

Ou seja, a lágrima em si não apresenta nenhuma alteração significativa. No entanto, existem alguns componentes presentes no líquido que oxidam quando entram em contato com o ar, como é o caso do ferro, por exemplo. “Quando essas substâncias oxidam, elas assumem um caráter castanho, com tons acobreados, que é o que dá essa coloração específica da epífora”.

Como a lágrima ácida se forma?

A condição da epífora ou lágrima ácida ocorre quando há a obstrução dos canalículos que fazem a drenagem da lágrima na superfície do olho até a região nasal, conforme explica o veterinário. Em alguns casos, porém, isso também pode acontecer devido a um lacrimejamento excessivo dos pacientes em função de algum caráter irritativo na superfície do olho ou das pálpebras.

“Exemplos disso são quando um cílio que cresce em uma região anômala; há presença de nódulos palpebrais com tumores ou mesmo condições alérgicas. Se for uma alergia em cachorro, duas possibilidades são a blefarite - que é inflamação nas pálpebras - e a conjuntivite alérgica”, informa.

Entenda as causas da lágrima ácida em cães e gatos

Para desenvolver a epífora ou lágrima ácida, cachorro e gato costumam sofrer uma obstrução ou má posição dos canalículos lacrimais, sendo essas as principais causas associadas com a condição. Outra possibilidade é a má formação do ducto lacrimonasal: “às vezes a entrada dos ductos está formada, mas em alguma outra região pode ter uma má formação dessa via que leva a lágrima do olho até o nariz”.

Também é importante considerar situações em que o paciente pode ter um lacrimejamento maior ou estímulo de lacrimejamento devido a outros fatores. “No caso de cães, alguns exemplos disso são o excesso de exposição dos olhos, cílios crescendo na região errada ou nódulos na região palpebral que afetam a superfície do olho e acabam causando irritação”. Tudo isso é referente à epífora crônica, ou seja, situações que não vão embora nunca e não necessariamente estão acompanhadas de uma doença ocular em cães.

“A alimentação é outro fator predisponente da epífora. Geralmente isso acontece quando o paciente apresenta reações alérgicas a algum componente presente na ração ou petiscos, que vão acabar desencadeando um quadro de conjuntivite alérgica. Essa conjuntivite, por sua vez, é o que vai aumentar a produção lacrimal do paciente, que causa a epífora”.

Já no caso da epífora em gatos, as razões costumam ser as mesmas que as dos cães, com o acréscimo de uma situação a mais: os gatos também podem ter a lágrima ácida associada com a atuação de herpes. “ A causa pode ser derivada de uma irritação crônica leve pelo herpes ou até essa irritação crônica sendo um pouco mais agressiva, causando lesão na superfície dos olhos. Vale destacar que no caso dos gatos é muito raro que os cílios cresçam para dentro, até porque os gatos não tem cílios - tem pseudo cílios - mas em casos atípicos isso pode acabar ocorrendo”.

 

lágrima ácida em cães: olho de cachorro sendo examinado pelo médico

Lágrima ácida: cachorro e gato de determinadas raças têm maior predisposição para o problema?

 

Existem, sim, algumas raças que são mais predispostas para a chamada epífora, que é popularmente chamada de lágrima ácida. Em cachorro isso é até mais comum, de forma que a lista de raças é bem mais abrangente do que a dos gatos. “As mais famosas são as raças de cachorro branco, como Poodle, Maltês e Bichon Frisé. Outros exemplos são o Chihuahua, Spitz Alemão (Lulu da Pomerânia) e as raças de cachorro braquicefálicas, como Pug, Lhasa Apso e Pequinês”, destaca o oftalmologista. 

Já no caso dos gatos, o problema é mais comum em raças que possuem o focinho curto, como o gato Persa  e o Exótico. Ainda assim, é importante ter em mente que, apesar de não ser tão comum em gatos, qualquer felino pode vir a ter episódios de epífora.

Lágrimas ácidas: pet manifesta quais sintomas?

Não é muito difícil perceber que o pet sofre com epífora ou lágrima ácida. Cachorro e gato costumam apresentar os mesmos sinais clínicos: “Para identificar o quadro, tem uma característica bem típica da condição, que é uma secreção linear de coloração acobreada que se estende de uma área que vai do olho até a região ventral da faixa, em direção a boca. É uma situação persistente e normalmente está acompanhada de umidade nesta região”. Além disso, Thiago acrescenta que em alguns cães, essa manifestação pode piorar no verão, principalmente quando se trata de um cachorro com alergia. Ou seja, acaba sendo mais fácil de constatar se seu doguinho ou gatinho sofre com esse problema ou não durante a estação mais quente do ano.

Como tratar a lágrima ácida em cães e gatos?

A forma de tratamento da lágrima ácida vai depender principalmente da causa do problema. No caso de má formações ou obstrução dos canalículos ou do ducto lacrimonasal, é importante que seja feita essa desobstrução, mas não é garantia de que o paciente não vá sofrer com o mesmo problema futuramente. 

“O maior problema disso é como se a gente fosse comparar essa situação com uma casa com esgotamento sanitário muito fino, então por mais que a desobstrução seja feita, o esgotamento vai continuar fino. Então ele vai entupir de novo uma hora ou outra. No caso de um ser biológico, quando a gente faz a desobstrução, é como se fosse uma espécie de ferida para possibilitar essa abertura. E aí quando não dá certo esses procedimentos mais simples, o que resta é fazer um ducto artificial. Porém, é uma cirurgia extremamente agressiva que ainda não tem demonstrado resultados consistentes que sejam proporcionais ao risco que o paciente corre numa cirurgia, então é um tratamento muito difícil”. 

Por outro lado, quando a epífora é causada por um excesso de lacrimejamento, é necessário investigar a causa por trás dessa produção lacrimal excessiva para que ela seja tratada. “Um paciente com sensibilidade alimentar, por exemplo, acaba desenvolvendo uma síndrome alérgica por conta disso. Com um manejo alimentar, isso é resolvido. Outro exemplo é se o cachorro tem um cílio crescendo em um local errado, aí no caso é só tirar aquele cílio que resolve. Então é um tratamento mais direcionado para a causa”.

Redação: Juliana Melo