Ver o amigo de quatro patas debilitado e doente é um grande desafio emocional para os tutores. O câncer em cachorro, por exemplo, é uma situação muito difícil de lidar, mas a doença é mais comum do que parece. Recentemente, o biólogo canadense Leonard Nunney descobriu que algumas raças de cachorro têm um risco maior de morrer de câncer. Ele publicou as descobertas em janeiro de 2024 na revista científica Royal Society Open Science. Entenda a seguir como a pesquisa foi realizada e como o cientista chegou a essa conclusão!
Entenda como câncer em cachorro se desenvolve
Antes de entender como funcionou o estudo do biólogo Leonard Nunney, é preciso entender como o câncer em cachorro se desenvolve no organismo do animal. O câncer ocorre quando as células do corpo do cachorro começam a se comportar de um jeito “anormal”. Geralmente, em um contexto normal, as células crescem, se dividem e morrem seguindo as instruções do DNA.
Porém, quando há uma mutação genética, essas “instruções” ficam bagunçadas, o que pode resultar no crescimento descontrolado de células que se dividem de maneira anormal, formando massas chamadas de tumores. Ou seja, o câncer é basicamente uma condição em que o próprio corpo do animal perde o controle das divisões celulares.
Os principais sintomas do câncer depende muito do tipo de câncer que o cachorro tem, mas os caroços espalhados no corpo do animal são os principais sinais. No cachorro com câncer terminal, sintomas como apatia, feridas que não cicatrizam, perda de peso e falta de apetite são comuns.
Câncer em cachorro: estudo revela que porte do cão influencia no desenvolvimento da doença
O estudo “O efeito do tamanho corporal e da endogamia na mortalidade por câncer em raças de cães domésticos” revelou uma descoberta surpreendente: cães de porte médio têm mais chance de morrerem de câncer do que cães pequenos e grandes. Para chegar a essa conclusão, Leonard Nunney considerou três fontes de dados independentes, um dos Estados Unidos, Reino Unido e Finlândia, totalizando 85 raças de cachorro no total.
O biólogo usou um modelo matemático que sugere que o porte do cachorro pode ser um fator de risco para o câncer. Os resultados indicaram que cachorros maiores e com elevada expectativa de vida possuem uma maior probabilidade de desenvolver câncer. Segundo ele, um animal grande possui mais células do que um cão pequeno, e por essa razão, realizam mais divisões celulares, aumentando a probabilidade de acumular mutações que podem levar ao câncer.
Mas, então, por que cachorros de porte médio têm uma maior tendência a desenvolver câncer do que cachorros de porte grande? Segundo o biólogo, isso acontece devido a expectativa de vida e quantidade de células de cachorros grandes - já é comprovado, por exemplo, que cães de porte grande vivem menos do que cães de porte médio e pequeno. Segundo o biólogo, o câncer em cachorro é uma doença que aparece com maior incidência durante a velhice, mas como os cães grandes têm uma expectativa de vida reduzida, o risco de desenvolver a doença é menor do que no cão de porte médio.
Ou seja, cachorros médios tendem a ter uma maior predisposição a câncer do que cães de porte grande devido a quantidade de células e expectativa de vida do pet. Quanto maior, mais células, e quanto mais tempo vive, maior o risco das células sofrerem mutações e formarem o câncer.
Quais são as raças de cachorro com maior risco de morrer de câncer?
De acordo com a pesquisa, os cachorros de porte médio, como o Border Collie, Beagle, Bull Terrier e até alguns vira-latas apresentam maiores riscos de desenvolver câncer. O pesquisador cita que o Flat Coated Retriever, uma raça de cachorro do grupo Retriever de porte médio que pesa entre 25 e 35 kg, é o cão que apresentou o maior índice de mortalidade por câncer, cerca de 60%.
Já os cães pequenos, como o Chihuahua, Pequinês, Pinscher e Shih Tzu, só apresentam cerca de 10% de chances de morrer em decorrência do câncer, mas há exceções. O Scottish Terrier, embora seja de porte pequeno, apresenta uma mortalidade por câncer significativamente elevada. Em comparação aos pequenos, muitos cães de porte grande apresentam mais de 40% de probabilidade de desenvolverem a doença.
Quanto tempo de vida tem um cachorro com câncer?
Definir quanto tempo de vida tem um cachorro com câncer vai depender de vários fatores, como o tipo de câncer descoberto, o tratamento realizado e a resposta do organismo do pet a ele. Se o câncer for descoberto em fase terminal, por exemplo, o cachorro pode vir a falecer em meses. Já se o câncer for descoberto no início e tratado adequadamente, o peludo pode viver alguns anos ao lado do tutor.