Só quem educou um cachorro desde a fase de filhote sabe o quanto esse pode ser um trabalho árduo — principalmente quando se trata de corrigir a prática que o animal tem de pular em qualquer pessoa que cruze a porta (principalmente as visitas). O adestramento de cães e a socialização do animal têm como principal objetivo corrigir este e outros comportamentos que tornam o dia a dia com o animal bem mais complicados. Se você não sabe como adestrar um cachorro sozinho em casa e passa pelo problema do doguinho que parece ter molas nas patas sempre que alguém chega, pode ficar tranquilo: a gente conversou com o adestrador Bruno Correa, do Rio de Janeiro, e ele deu algumas dicas que vão te ajudar a resolver essa questão.
Patas da Casa: Por que é tão comum o cachorro pular nas visitas e donos quando chegam em casa?
Bruno Correa: Cães são animais de matilhas e extremamente sociáveis. Quando eles ficam fora do convívio de outras pessoas e animais, é natural demonstrarem um maior nível de emoção na hora da interação, ainda mais se esse tempo for longo (como por exemplo uma jornada de trabalho ou uma manhã na faculdade).
Por isso, o ponto chave que leva o cachorro a pular em quem chega é a emoção. Cães que são extremamente dependentes emocionalmente de seus donos e demais integrantes da família tendem a exibir esse comportamento com maior frequência. Isso acontece porque a saída do dono para executar as tarefas do dia a dia se torna um evento de separação e acaba gerando uma ansiedade nos animais. Quando o dono retorna, toda a ansiedade e ociosidade que o cão teve durante o dia são convertidas em um comportamento de pulos excessivos.
PC: Como adestrar cachorro ensinando o animal a não pular nas visitas?
BC: Há quem corrija esse comportamento pelo condicionamento com reforço positivo (petisco) e obtenha os resultados desejados. Eu acredito que os pulos excessivos são apenas uma das manifestações de um convívio inadequado entre dono e cão e onde é fundamental gastar um pouco mais de tempo. O primeiro ponto é diminuir a dependência que o cão tem dos membros da família. É preciso criar momentos ao longo do dia em que ele vai ficar isolado, sem contato direto ou qualquer tipo de interação com o dono. Isso ensina o animal a lidar com a ausência do tutor.
Nos momentos de reencontro, é importante não fazer nenhum contato com o cão — e isso inclui o visual — principalmente próximo à porta de entrada. Ao chegar em casa, o ideal é seguir o caminho ignorando o cão completamente. Dê o tempo necessário para o cão se acalmar antes de interagir com ele.
Quando falamos de adestramento de cães, é preciso entender que todo comportamento, se recompensado, tende a se repetir e intensificar. Se reforçado negativamente, ele tende a diminuir e se extinguir. Por isso, para cães que pulam em excesso, no ato da exibição do comportamento não somente é necessário não acariciar o cão. Ignorar os pulos e seguir andando em direção a outro cômodo já costuma resolver.

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PC: O que fazer com o animal que ainda não foi adestrado no momento em que as visitas chegam?
BC: Primeiro limpamos a casa, depois chamamos as visitas. A situação tem que estar sob controle com os próprios membros da família antes de melhorar com as visitas. É preciso lembrar que a responsabilidade de exercer controle e liderança no cachorro é do próprio dono.
De forma prática, é possível usar a própria guia para impedir o cão de pular nas visitas. O dono tem que se posicionar a uma distância em que o animal não consiga encostar na pessoa que está chegando. Feito isso, a visita pode se direcionar ao cão e o dono e, toda vez que o cão demonstrar excitação em demasia ou se projetar para pular, o dono deve corrigir com leve toques na guia (aumentando a intensidade se for necessário). É importante deixar a guia frouxa para dar a possibilidade do cão exibir o comportamento inadequado e corrigi-lo. Com o passar do tempo, quando o cão deixar de pular na visita e começar a sentar ou permanecer nas 4 patas sem pular, é necessário entrar com o petisco para reforçar que aquele comportamento é o desejado.
PS.: Durante o processo, oriente as visitas a não estimularem o cão. Isso inclui estímulos verbais (tom de voz) e visuais, como brinquedos e a própria linguagem corporal.
PC: Quais erros o tutor pode cometer no momento de ensinar o cachorro a não pular nas pessoas?
BC: Os principais erros vêm de uma visão incorreta a respeito do comportamento canino. Muitos donos acreditam que os pulos excessivos acontecem por causa da saudade e acabam dando carinho ao cão, que entende como uma recompensa e intensifica o comportamento. Além disso, é preciso atribuir a responsabilidade da educação do animal para si. Se os donos não fizerem os exercícios com o cão, ele não vai mudar o comportamento. Também é imprescindível não parar com os exercícios ao primeiro sinal de melhora: continue com os mesmos comandos, condicionando o cão a não pular. Depois que ele não esboçar mais nenhuma vontade de saltar, pode-se cessar as correções e aos poucos ir diminuindo o reforço positivo. Mas a conduta do dia a dia tem que permanecer.
Redação: Ariel Cristina Borges
