O sarcoma de aplicação em felinos é um tipo de tumor de pele bastante preocupante e que precisa de muita atenção. Embora não se saiba ao certo qual a causa do problema, o sarcoma de aplicação pode afetar significativamente a saúde do gato e por isso é importante observar qualquer alteração no corpo do animal, especialmente se houver reações inflamatórias em forma de nódulos.
Apesar de não ser um quadro tão comum quanto outros tipos de tumor em gatos, os tutores precisam saber como identificar o sarcoma para buscar ajuda de um profissional o quanto antes e dar início ao tratamento mais adequado. Para tirar todas as dúvidas sobre o assunto, nós conversamos com a médica veterinária Francine Kirsch, que é especializada em felinos. Veja abaixo!
Sarcoma de aplicação: o que é e como a doença afeta os gatos?
O sarcoma de aplicação - também chamado de fibrossarcoma - é um tumor de pele em gatos considerado bem perigoso. Antigamente, muitas pessoas associavam a doença à aplicação de vacinas em gatos, e por isso ela era conhecida como sarcoma vacinal em gatos, mas logo foi descoberto que o desenvolvimento da doença, na verdade, não está relacionado com a vacina em si, mas com a aplicação de qualquer injeção, seja ela qual for. Na prática, o fibrossarcoma em gatos é caracterizado por uma reação do organismo felino que provoca nódulos na região do contato com a seringa.
De acordo com a especialista, o sarcoma em gatos é um tumor maligno bastante agressivo. “Ele se desenvolve no local de aplicação de algum injetável. Porém, é importante ressaltar que o termo correto é sarcoma de aplicação, e não sarcoma vacinal em gatos, pois hoje se sabe que não somente as vacinas estariam envolvidas, mas qualquer medicação injetável pode causar o problema”, explica.
Essa é uma informação importante, pois assim pode-se desmistificar a ideia de que as vacinas para gatos podem ser perigosas. O que acontece é justamente o contrário: a vacinação é essencial para cuidar da saúde dos bichanos e prevenir contra várias doenças. Por isso, o tutor não deve deixar de vacinar o seu pet por receio de que o animal desenvolva o sarcoma de aplicação.
As causas do sarcoma de aplicação ainda são indefinidas, porém um fator que pode influenciar no surgimento do problema é a predisposição genética, conforme a especialista explica. “Apesar de ainda não sabermos realmente porque ocorre, a teoria mais aceita é de que se trata de uma predisposição genética e individual daquele gato em formar uma reação inflamatória exacerbada no local de aplicação de qualquer injetável, sejam vacinas, medicamentos e até mesmo soro subcutâneo”.
Como identificar esse tipo de sarcoma em gatos?
Para saber se o seu bichano sofre com sarcoma de aplicação, é fundamental conhecer muito bem o corpo do seu amigo de quatro patas e avaliar quando surgir qualquer anomalia na pele dele. “Os sarcomas apresentam-se como nódulos cutâneos ou subcutâneos firmes e muito aderidos às camadas profundas da pele. Inicialmente são indolores e não ulcerados, mas acabam evoluindo e com o aumento do tamanho podem vir a ficar ulcerados e doloridos”, alerta a médica veterinária. Ou seja, é importante redobrar a atenção sempre que aparecer algum nódulo na pele do gato, especialmente após a aplicação de algum injetável - seja vacina ou fármaco.
A manifestação dos sinais clínicos nem sempre é imediata. Isso quer dizer que pode levar algum tempo até que o gatinho apresente os sintomas da doença. Ainda assim, o tempo de duração e a evolução do nódulo devem ser observados atentamente para facilitar o diagnóstico. “Esse nódulo pode aparecer logo após a aplicação bem como até 10 anos após. Um nódulo que surgir posteriormente a uma aplicação injetável e não desaparecer após 3 meses já deve ser investigado”.
Vale lembrar que o sarcoma de aplicação não é um problema exatamente comum. Como já foi dito, mesmo que as causas ainda não tenham sido totalmente definidas, o fator genético certamente tem um peso no desenvolvimento da doença. “Estima-se que entre 1 a 13 animais a cada 10.000 felinos que receberam vacinas ou outros injetáveis poderiam desenvolver o tumor, representando cerca de 6 a 12% de todos os tumores na espécie felina”, conta Francine.
Como é o diagnóstico e tratamento do sarcoma de aplicação?
Se houver qualquer suspeita desse tipo de tumor em gatos, não deixe de levar seu bichano a um médico veterinário de confiança para uma avaliação. Conforme a especialista destaca, o diagnóstico do sarcoma de aplicação é feito principalmente por meio de exames de citologia ou histopatológico (biópsia) da lesão. Os exames de citologia consistem na análise de líquidos e secreções do corpo que ajudam a detectar inflamações, infecções e tumores. Já a biópsia é um procedimento que vai recolher uma amostra do tecido afetado para que seja feita uma análise laboratorial. Dependendo da evolução da doença, outros exames podem ser solicitados para verificar se o tumor se espalhou para outras partes do corpo do gato.
Após a confirmação do diagnóstico, o profissional indicará o tratamento mais adequado para o tumor de pele em gatos. Na maioria das vezes, o tratamento cirúrgico é a melhor opção. Nesse caso, a cirurgia tem o objetivo de retirar todo o tecido afetado pelo sarcoma, mas há grandes chances de recidiva. Além disso, Francine acrescenta que outros procedimentos como a radioterapia e/ou quimioterapia também são uma opção em alguns casos, mas infelizmente a cura nem sempre é possível. A associação da cirurgia com a radioterapia e quimioterapia buscam aumentar a sobrevida do animal, mas devem ser indicados por um especialista.
Felinos que sofrem com sarcoma de aplicação correm risco de recidiva
Não é possível prevenir o sarcoma em gatos, mas se o seu gatinho for diagnosticado com o problema, alguns cuidados são necessários para garantir uma boa qualidade de vida ao pet. “Se um gato desenvolver o sarcoma de aplicação uma vez provavelmente irá apresentar recidiva, então esse gato não poderá mais receber vacinas nem qualquer medicação injetável. No entanto, é muito importante ressaltar que esse é um tumor de ocorrência rara e que não devemos parar de vacinar os gatos por receio de que desenvolvam”, orienta a médica.
Isso quer dizer que todo gatinho precisa seguir o calendário de vacinação à risca, e caso alguma alteração seja observada, o tutor deve entrar em contato com o médico veterinário o mais rápido possível para que a doença não evolua. Como o animal provavelmente não poderá mais receber vacinas, os cuidados com a saúde do pet devem ser redobrados para evitar qualquer problema.
Tumor de pele em gatos: não importa qual o tipo, o auxílio de um profissional é indispensável
Além do sarcoma de aplicação, também existem outros tipos de tumor de pele em gatos que precisam de atenção. O mais comum deles é o carcinoma de células escamosas, um tumor que é caracterizado por feridas que não cicatrizam. Esse câncer de pele tem diferentes causas e não se limita somente ao tecido epitelial do gato, podendo acometer as mucosas da cavidade bucal e pálpebras. A observação conta muito nessas horas. Mas, independentemente do tipo de tumor em gatos, a avaliação profissional é fundamental para a detecção precoce da doença, aumentando as chances de uma boa recuperação. “Minha sugestão é sempre procurar o médico veterinário ao notar lesões e nódulos que não cicatrizam ou aumentem de tamanho”, alerta Francine.
Redação: Juliana Melo