Ainda que os cachorros sejam bem diferentes de nós em alguns aspectos, os peludinhos infelizmente podem sofrer com algumas doenças bem similares às que atacam os humanos. Uma delas é o lúpus canino, uma doença autoimune que prejudica as células saudáveis do próprio corpo do cão e a saúde dele como um todo. É claro que isso se torna motivo de preocupação para os tutores, mas a melhor forma de lidar com a doença é entendê-la. Para isso, conversamos com Natália Salgado Seoane Silva, médica veterinária do Grupo Vet Popular. Confira!
Lúpus em cães é mais comum do que em gatos
Segundo a veterinária, a causa da doença ainda não é conhecida. “O que se sabe é que as células boas são destruídas devido a reações de hipersensibilidade e inflamações em diversas partes do corpo como pele, coração, rins, pulmões, articulações e sangue. Além disso, é predominante em cães e rara em gatos”. A raça do seu peludo ainda faz toda a diferença e pode ser um fator de risco, como lembra Natália. “Algumas raças são predispostas: Poodle, Pastor alemão, Husky siberiano, Chow chow, Beagle, Setter irlandês, Collie e Old English sheepdog.”
Apesar de ser uma definição geral, o lúpus não é um só. “Existem dois tipos de lúpus: o eritematoso cutâneo vascular ou discoide (LECV) e eritematoso sistêmico (LES). O LED é a forma mais benigna da doença e pode ser ativado ou agravado pela exposição prolongada do animal a radiação solar”, diz Natália. Os sintomas podem ser muito gerais, mas se caracterizam pelas feridas. “É mais comum em cães adultos. As primeiras lesões são vesículas e bolhas, principalmente em regiões com poucos pêlos (focinho, orelhas, lábios, coxim, etc.) que tendem a aparecer nos meses de verão, podendo haver remissão das lesões no inverno, com recidiva no verão. Os primeiros sinais iniciam com uma despigmentação e descamação da área acometida, progredindo para úlceras, causando sangramentos. Ocorre perda de tecido e cicatrização, chegando a deformar alguns pacientes”, explica a médica veterinária.
O diagnóstico de lúpus canino requer exames específicos
Como o lúpus canino se manifesta com sintomas bem diversos, o diganóstico da doença não pode ser definido por uma avaliação primária. “Os sintomas, por serem diversos e comuns em outras patologias, não são específicos para diagnosticar o lúpus, portanto excluímos doenças imunomediadas, alergias a picada de insetos, neoplasias, entre outras. Solicitamos exames como hemograma, urina tipo 1, teste de anticorpos nucleares, teste de imunofluorescência ou imuno-histoquímica, biópsia de pele, radiografia de articulações acometidas, artrocentese, biópsia sinovial e cultura bacteriana do líquido sinovial”, afirma Natália.
Como o lupus em cachorro é uma doença que ataca diretamente o sistema imunológico do animal, ele permanece muito mais propenso à doenças e deve ser bem acompanhado. “O animal pode desenvolver doenças como insuficiência renal e síndrome nefrótica, broncopneumonia, sepse, sangramentos, piodermites secundárias, anemias, reações a medicações e complicações gástricas”, diz a veterinária.
Com tratamento e controle, o cão pode ter qualidade de vida
“Infelizmente não há cura, mas podemos controlar os sintomas e evitar as complicações do lúpus. A resposta do tratamento dependerá dos órgãos que foram acometidos, a gravidade e o estado geral do paciente”, afirma Natália. Segundo ela, medicamentos anti-inflamatórios, imunossupressores e suplementos vitamínicos passarão a fazer parte da vida do cãozinho. Além disso, medicamentos esteroides e não-esteroides podem entrar no rol de remédios do animal.
Entretanto, mesmo com tratamento, a doença pode evoluir. “Se o caso se agravar, o animal deverá ser internado. Repouso nos casos de poliartrite é fundamental, assim como dieta restritiva em casos de problemas renais, por exemplo. Cuidados com a higiene no ambiente em que o bichinho vive são essenciais, além de ser importante muito carinho com ele”, recomenda Natália. A veterinária ainda comenta sobre a prevenção da doença e a importância da castração. "Por se tratar de doença autoimune, a prevenção se dá especialmente em não permitir a reprodução desses cães, evitar a exposição acentuada ao sol e usar filtro solar nas regiões mais sensiveis do corpo e desprotegidas de pelos", finaliza.
Redação: Karoline Miranda