O cão guia é um cãozinho capaz de melhorar a vida de pessoas com deficiência visual. Talvez você já tenha visto um cachorro guia de cego na rua ou na televisão e se perguntado: como é possível que um animal seja tão inteligente a ponto de ajudar alguém a desviar de carros e buracos, a atravessar a rua e até mesmo a subir escadas? Parece ser muito difícil, mas a verdade é que, assim como qualquer cachorro de serviço, o cachorro de cego passa por uma preparação intensa desde filhote. Apesar de muitas pessoas já terem ouvido falar - existe até um dia internacional do cão guia! - existem muitas dúvidas acerca desse cachorro: como é feito seu treinamento? Como uma pessoa com deficiência visual pode solicitar um cão guia? Raça de qualquer tipo pode se tornar guia? E quanto custa um cão guia? O Patas da Casa explica tudo sobre os cães guias para você não ter mais dúvidas. Confira!

O que é um cão guia?

Quais raças de cachorro mais combinam com você?

Preencha todos os campos para participar.

É só preencher e começar!

Escolha uma opção abaixo

Não tenho pets
Tenho cão
Tenho gato
Tenho cão e gato
Autorizo receber comunicações e publicidade da NESTLÉ®.

O cão guia é um cachorro adestrado que ajuda na assistência de pessoas com deficiência visual. Os cães guia têm um papel fundamental ao orientar pessoas com pouca ou nenhuma visão a se locomover. Na rua, ajuda o tutor a desviar de obstáculos e a atravessar a rua, por exemplo. O cachorro de cego ainda auxilia o dono a realizar atividades simples do dia a dia com maior autonomia, como levantar da cama, preparar uma refeição, subir e descer escadas e até mesmo pegar um ônibus. Ou seja, o cão guia para cegos vai além de apenas orientar e assistir o tutor: ele garante que o deficiente visual tenha uma maior independência, melhorando sua qualidade de vida e aumentando até mesmo sua auto estima.

O cachorro de cego precisa ser dócil, seguro e inteligente

A personalidade é o fator mais importante a ser considerado na hora de "formar" um cachorro guia de cego. É essencial que o cachorro guia seja dócil, paciente, calmo e sem tendências agressivas, para que possa ter uma boa relação com o tutor. Ser sociável é outra característica importante, já que os cães guias vão estar sempre cercados de outras pessoas e animais ao saírem na rua. Inteligência e obediência também contam bastante, pois facilitam o aprendizado durante todo o treinamento de cão-guia. Também é fundamental que o cachorro de cego seja forte, além de ter uma boa capacidade de foco.

Cão guia: raça Labrador, Golden e Pastor Alemão são as mais comuns

A personalidade é quem define se o animal está apto a ser um cão guia. Caso o cachorro se enquadre no temperamento indicado acima, ele pode sim ser submetido ao treinamento. Ou seja, teoricamente, para ser um cão guia, raça não é o fator principal. Porém, existem algumas raças que já costumam reunir todos os traços de personalidade que um cachorro guia deve ter. Por isso, são as mais escolhidas para se tornarem cão guia. Raça Labrador, Pastor Alemão e Golden Retriever são, sem dúvidas, as mais adequadas para o cargo, uma vez que tem a personalidade ideal para cumprir as responsabilidades de um cachorro de cego.

Porém, precisamos sempre lembrar que personalidade é uma característica individual. Um cachorro Labrador pode ter um temperamento bem diferente do que a raça normalmente apresenta, por exemplo. Ou seja: na hora de escolher um cão guia, raça realmente pode ser levada em consideração, mas é importante sempre checar sua personalidade.

Os cães guias têm funções específicas a serem cumpridas

Um cão guia é uma profissão assim como qualquer outra. Por isso, o cachorro que passa a "trabalhar" com isso tem responsabilidades que precisa seguir. Dentre elas, podemos destacar:

  • Ficar sempre à esquerda do tutor, se mantendo um pouco à frente
  • Não se deixar distrair com coisas externas (como cheiros, comidas, pessoas)
  • Ao ver uma escada ou lugar mais alto, o cão guia deve parar e seguir apenas quando o dono mandar, sempre mantendo um ritmo em sintonia com o tutor
  • Ao entrar em um elevador, deixar o tutor sempre perto do botão
  • Ajudar o dono a subir em transportes públicos
  • Atravessar uma calçada na faixa de pedestres e ouvir o som dos carros para saber se algum está vindo
  • Andar sempre no meio da calçada, desviar de objetos e escolher um espaço onde caiba ele e o tutor
  • Quando o tutor estiver parado, o cão guia deve se manter em silêncio
  • Se dirigir a qualquer direção que o tutor ordenar, e apenas quando for ordenado
  • Ser um cachorro guia tanto dentro quanto fora de casa, em qualquer estabelecimento público ou privado

O treinamento do cachorro guia de cego deve ser iniciado ainda filhote

Para que o cachorro guia de cego seja capaz de cumprir todas essas responsabilidades, ele deve passar por um treinamento que possui três fases. A primeira fase do adestramento de um cão guia de cego deve começar quando o pet ainda é filhote, pois é nessa idade que o animal tem mais facilidade de aprender comandos - além de garantir que o cachorro possa ficar bastante tempo em sua função de guia. O filhote vai para um lar com famílias voluntárias para aprender a socializar. Além disso, começa a aprender alguns comandos mais básicos (como sentar) e é exposto a alguns estímulos comuns do dia a dia para ir se acostumando: sons comuns na rua, mudanças no clima (chuva e sol), obstáculos, barulho de carros e de pessoas.

Na segunda fase do treinamento, o cachorro guia aprende instruções mais específicas 

Após completar um ano, o futuro cão guia entra de vez em uma escola de adestramento. É lá que o treinamento mais específico se inicia de vez. O cão passa a seguir instruções e aprende a obedecer e a desobedecer - é importante que o cão guia saiba desobedecer de forma inteligente o tutor em situações que possam colocá-lo em risco de vida, como quando o dono manda seguir em frente mas algum carro está passando, por exemplo. O cachorro aprende a fazer coisas mais específicas, como desviar de objetos, parar na frente de escadas, subir e atravessar calçadas, prestar atenção no trânsito e como achar o lugar adequado no transporte público.


O cachorro giua de cego passa por um longo treinamento para aprender como ajudar a pessoa com deficiência visual
O cachorro giua de cego passa por um longo treinamento para aprender como ajudar a pessoa com deficiência visual

Cão guia e tutor passam por uma fase de adaptação antes de finalizar o processo

Ao terminar essa fase de treinamento, o cachorro de cego passa para a última etapa: a adaptação ao tutor. Cão guia e futuro dono precisam ter uma boa relação, baseada em confiança e respeito. Por isso, antes de ter oficialmente um cachorro guia, o tutor precisa aprender a controlá-lo. Não é só o cão guia que deve passar por todo esse processo: o tutor também deve ser treinado e aprender a seguir e mandar no cachorro adequadamente. Além disso, é importante que as personalidades de cão guia e tutor sejam parecidas. Temperamentos muito diferentes podem acabar comprometendo o relacionamento. Se cachorro guia e tutor passarem por essa fase de adaptação sem problemas, estão prontos!

O cão guia para cegos pode frequentar qualquer ambiente público ou privado

Nem todos os lugares aceitam a entrada de animais de estimação. No caso do cão guia, porém, a legislação é diferente. Por ser um cachorro de assistência, o cachorro guia pode entrar em qualquer ambiente que o seu tutor precise ou queira frequentar. A lei nº 11.126/05 promulgada em 2005 em todo o Brasil garante que a pessoa com deficiência visual tem o direito de entrar em qualquer lugar público ou privado com seu cão guia. Ninguém pode barrar um cachorro guia para cegos de entrar em shoppings, ônibus, metrôs ou qualquer outro lugar. Em alguns estados do Brasil, como no Rio de Janeiro, os cachorros de suporte emocional também já estão com esse direito garantido. 

Ao andar na rua, o cachorro guia deve estar sempre identificado

É muito importante que o cão guia esteja identificado durante o serviço. Isso evita problemas quando o tutor quer entrar em algum lugar e ainda é uma forma de mostrar às pessoas que ele é um cão de serviço, ou seja, não está ali para receber carinho e brincar. Todo cachorro guia precisa contar com um colete ou guia que o identifique. O cão guia deve estar sempre com uma plaquinha de identificação contendo os seguintes dados: nome do cão guia e do tutor, nome do centro de treinamento ou instrutor autônomo e número do CNPJ do centro de treinamento ou CPF do instrutor autônomo. O animal deve estar identificado com guia, coleira e arreio com alça, além de ter a carteira de vacinação em dia

Como agir com um cão guia: não brinque e faça carinhos no animal em serviço 

A vontade que dá ao ver um cachorro lindo na rua é fazer um carinho e brincar com ele. No caso de um cão guia, porém, isso não deve ser feito. O motivo é simples: o cachorro guia está a trabalho e não pode ser perturbado. Qualquer coisa que tire seu foco pode acabar prejudicando o animal e seu tutor, que está contando com sua ajuda. Portanto, ao ver um cão guia na rua, jamais brinque, faça carinho, ofereça petiscos ou faça qualquer coisa que possa tirar seu foco.

O cachorro de cego também precisa de momentos de lazer

Cão guia e tutor vão passar dia e noite juntos por muitos e muitos anos. Por isso, eles criam um laço de amizade e companheirismo muito forte, sendo realmente melhores amigos um do outro. Como explicamos, pessoas de fora não devem brincar com o cão guia a não ser que o tutor permita e eles estejam em um local seguro, como em casa. Porém, mesmo que os cães guia sejam cães de serviço, não quer dizer que eles não merecem um descanso. Pelo contrário! O tutor pode sim se divertir com o pet, brincar com ele, fazer carinho e realizar diversas atividades. O cão guia merece atenção e momentos de diversão assim como qualquer animal!


O cão guia para cegos ajuda a atravessar a rua, desviar de obstáculos, subir e descer escadas e entrar em transportes públicos
O cão guia para cegos ajuda a atravessar a rua, desviar de obstáculos, subir e descer escadas e entrar em transportes públicos

O cão-guia para cegos também se aposenta

Conforme o cachorro envelhece, é comum que ele vá ficando mais cansado, frágil e perca algumas de suas incríveis habilidades. O cão guia não está imune a essas condições e, por isso, chega um momento em que ele precisa se deixar de prestar serviço. O cão guia se aposenta, em média, após 8 ou 10 anos acompanhando um deficiente visual. A partir daí, o tutor pode solicitar outro cão guia, se quiser. Mas o que acontece com o cachorro guia anterior? Como explicamos, tutor e cachorro criam um vínculo muito forte. Portanto, o cão aposentado pode continuar vivendo com o dono sem problemas, apenas não fará mais seus serviços de guia. Outra possibilidade é dar o animal para uma pessoa de confiança adotar.

Como conseguir um cão-guia? Saiba quais são os pré requisitos e etapas essenciais

Ter um cão guia faz toda a diferença para uma pessoa com deficiência visual. Mas então como fazer para conseguir um? Antes de tudo, o tutor precisa seguir alguns pré-requisitos. São eles:

  • Ter deficiência visual ou baixa visão

  • Ter no mínimo 18 anos (ou ser maior de 16 anos emancipado)

  • Morar em território nacional

  • Ter uma rotina e vida ativa independente

  • Ter capacidade de se locomover de forma independente

Além disso, o tutor pode precisar comprovar que tem uma condição financeira capaz de manter o cão guia para cegos, podendo arcar com cuidados do dia a dia (como alimentação) e de saúde (vacinas, emergências e consultas veterinárias). Tendo os pré-requisitos, o tutor deve fazer um curso de orientação e mobilidade com ênfase no treinamento para uso de animal, para que ele saiba como lidar com o cachorro guia - o curso é oferecido tanto por instituições públicas quanto privadas. O tutor precisa também obrigatoriamente se registrar no Cadastro Nacional de Candidatos à Utilização de Cães Guia, da Secretaria de Direitos Humanos. Com tudo pronto, entra em uma fila de espera. Quando um cão guia para cegos estiver disponível, o tutor será avisado e passará pelo processo de adaptação. Se tudo acontecer corretamente, cão guia e dono já podem começar a viver juntos!

Quanto custa um cão-guia?

Apesar do uso de cães guias ser uma ótima maneira de oferecer independência - e, ao mesmo tempo, amor - a uma pessoa com deficiência visual, infelizmente ainda é um processo complicado no Brasil por alguns motivos. O primeiro é o fato de existirem poucos cães guias registrados no país. O número de institutos que realizam o treinamento de cão guia para cegos é muito baixo e, como o processo de adestramento leva um certo tempo, existe uma quantidade pequena de cães “formados” por ano. Além disso, há pouquíssimos instrutores especializados no treinamento de cães guias no país. Assim, há uma alta procura e pouca demanda. 

O motivo de ter tão poucos cães guias é, principalmente, o valor. Afinal, quanto custa um cão guia? O tutor que fez a solicitação pode conseguir um sem pagar nada, mas o custo de toda a preparação do cachorro guia é extremamente alto para os institutos de treinamento. O investimento na formação de um cão guia é de, no mínimo, R$ 35.000,00. Com tão poucos institutos e profissionais dedicados a essa formação, além de ser necessário desembolsar um valor tão grande para formar um cão guia, podemos entender porque ainda é tão baixo o número de pessoas que têm acesso a esse recurso. 

Curiosidade: existe até um dia internacional do cão guia!

Você sabia que existe um dia internacional do cão guia? Acredita-se que desde a antiguidade cães já ajudavam pessoas com deficiência visual a se locomover. Alguns estudiosos afirmam que por volta de 1780 alguns cães começaram a ser treinados em hospitais para ajudar as pessoas com deficiência visual. Na Primeira Guerra Mundial, com muitas pessoas perdendo a visão durante os conflitos, o uso de cães guias treinados aumentou consideravelmente e se espalhou. No Brasil, porém, os primeiros cães guia chegaram apenas em 1950. Para celebrar a importância desses cachorros, foi estabelecido que dia 29 de abril é o Dia Internacional do Cão Guia! A data é comemorada no mundo inteiro e celebra esses doguinhos que dispõem de todas as suas habilidades e de todo o seu amor para cuidar e dar felicidade às pessoas com deficiência visual.

Redação: Maria Luísa Pimenta