Comportamento animal

Cachorro medroso: é possível evitar que o animal desenvolva medo na vida adulta?

Publicado - 21 Dezembro 2020 - 17h28

Atualizado - 07 Maio 2024 - 13h16

Renata Bloomfield / Médica Veterinária Etologista Clínica

CRMV: 12084-RJ

Formada em Medicina veterinária na Universidade Estácio de Sá (UNESA) Pós-graduando em Etologia Clínica pela Qualittas.

Juliana Melo / Repórter

Jornalista formada pela Facha (Faculdades Integradas Hélio Alonso). Sempre amei o universo pet e meu sonho sempre foi ter um cachorro ou gato, mas essa ainda é uma realidade um pouco distante pra mim. Me sinto um pouco Felícia perto dos bichinhos, e acho fantástico poder entender um pouco melhor o comportamento deles e ajudar tantos tutores por aí!

A oportunidade de entrar na equipe do Patas da Casa foi incrível, porque apesar de não ter um pet, sempre tive muita vontade de conhecer e compreender melhor esse universo. Hoje me sinto praticamente uma ‘expert’ em comportamento de cães e gatos e uma das maiores incentivadoras da adoção animal.

• Filme com animal preferido: “Sempre ao Seu Lado”
• Uma raça de cachorro: Dachshund
• Uma raça de gato: Maine Coon
• A curiosidade favorita sobre cachorros: A maneira como um cão se comporta depende principalmente da criação que ele recebe
• A curiosidade favorita sobre gatos: Os gatos enxergam os humanos como seus semelhantes (basicamente como se fôssemos gatos gigantes)
• Sobre o que mais gosta de escrever no universo pet: Comportamento animal
• Um aprendizado: Adotar um cachorro ou gato é uma das decisões mais bonitas que alguém pode tomar, mas que precisa ser feita com muita responsabilidade
• Nome de pet favorito: Bilbo

Lidar com um cachorro medroso é uma situação que muitas vezes deixa os tutores um pouco perdidos. Nem sempre é fácil fazer com que o pet se sinta melhor diante das situações que ele tem medo, principalmente para quem nunca vivenciou nada parecido antes. Mas será que é possível fazer com que os cães não sintam medo na fase adulta? Quais são os motivos por trás de um cachorro com medo do dono, de estranhos, outros animais e até mesmo de objetos ou barulhos do dia a dia, como os trovões? Para saber como lidar com isso e como evitar que o seu amigo de quatro patas desenvolva medo na vida adulta, entrevistamos a veterinária e comportamentalista Renata Bloomfield. Veja o que ela nos contou!

Cachorro medroso: quais são os sinais mais comuns?

É muito fácil identificar um cachorro medroso. Segundo Renata, quando um cão tem medo de alguma coisa, ele tende a abaixar o rabo imediatamente, e às vezes a cauda pode até ficar entre as pernas do animal. Além disso, as orelhas se abaixam e o cachorro fica olhando para todos os lados para observar tudo que acontece a sua volta. Ele vai querer se afastar do objeto ou da situação que tem medo. Alguns podem até tentar fugir, mas isso está mais relacionado a cães com quadro de pânico ou fobia. “Outro fator que pode ser observado também é quando o animal não quer fazer determinada atividade. Então, por exemplo, se o cachorro tem medo de entrar no carro, ele vai olhar pro automóvel, colocar o rabo para dentro, abaixar as orelhas e pode tentar se afastar”, explica.

Mas afinal, por que esses animais podem sentir tanto medo? De acordo com a profissional, isso geralmente acontece quando o cão não é socializado até a 16ª semana de vida, fazendo com que os peludos sintam medo daquilo que eles ainda não conhecem. Outro possível motivo são os traumas, que é quando alguma situação desagradável acontece com o cão, e o resultado é um cachorro com muito medo de pessoas, outros animais, barulhos específicos ou objetos.

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Cachorro com medo “do nada”? Sempre tem um motivo por trás

Nem sempre entendemos o medo que nossos amigos de quatro patas sentem, mas é preciso ter em mente que isso não desvalida o sentimento deles. Às vezes, o motivo passa despercebido pelos humanos, mas sempre existe uma lógica por trás do comportamento do animal. “Durante um passeio, por exemplo, pode haver algum tipo de barulho, como a buzina de um carro ou fogos, e isso vai assustar o cão que, consequentemente, acaba assustando a pessoa. Então o cachorro olha para o tutor, vê que ele está assustado e isso é uma forma de legitimar o medo do animal, dizer que aquilo que ele sente está certo”, explica Renata. Esse acaba sendo um dos motivos que pode deixar um cachorro com medo “do nada”.

Além disso, outro exemplo da veterinária é o da fase de socialização: “Se o cão nunca teve contato com aquela situação - seja pessoa, animal ou objeto -, quando ele precisa lidar com isso pela primeira vez pode ficar com medo. Nunca é do nada, o medo sempre tem um motivo”.

 

Cachorro cinza e branco escondido embaixo de cama, com medo

 

A importância da socialização para evitar o cachorro medroso na fase adulta

 

Não tem jeito: a melhor forma de garantir que seu doguinho não vai se entregar facilmente aos próprios medos quando estiver adulto é dando a devida importância à socialização nos primeiros meses de vida. “Essa fase é primordial para que você não tenha um cachorro medroso adulto. Embora tenha a questão das vacinas, que precisam de orientação médica e que o animal não pode sair de casa após a aplicação da primeira dose, é importante apresentá-lo a situações variadas durante o período de 16 semanas”, reflete Renata, que acrescenta: “O que eu sempre aconselho pros meus pacientes é passear com o cachorro, mas somente após a aplicação da segunda dose da vacina e com alguns cuidados essenciais: sair com o cachorro sempre no colo ou em uma bolsinha, e não deixar o animal pisar no chão. Se for passear, o cachorro está na bolsinha e você percebeu que ele quer fazer xixi, pode colocar um tapetinho pra ele fazer em cima e depois pegar no colo de novo. É bom para deixar todo mundo falar e interagir com ele. Mas, claro, você não vai apresentá-lo para os cachorros que estão no chão”. 

Outra dica é estimular a relação do animal com diferentes pessoas e ambientes, desde que estes sejam seguros para o cão. Ou seja, vale programar um dia para reunir alguns amigos, e outro para chamar a família para conhecer o novo membro. Assim, o doguinho já começa a ter o mínimo de contato com outras pessoas - adultos e crianças. “Às vezes, até mesmo sair de carro com o cachorro, nem que seja para ir na padaria e voltar, já é uma ideia válida. Assim, ele já se acostuma com o carro, com o barulho da rua e as situações do dia a dia”, conclui.

Adestramento: cães medrosos precisam passar por algum tipo de treinamento?

Muita gente que lida com um cachorro medroso se pergunta se a melhor alternativa é procurar a ajuda de um adestrador profissional. Mas, conforme a comportamentalista indica, para ajudar esses cães o tutor também cumpre um papel fundamental: “Acho muito importante sempre incentivar o cachorro a vencer o medo dele e não querer protegê-lo disso”. Logo, se o animal tem medo de um balão, por exemplo, o tutor deve pegar o balão e mostrar que isso pode ser legal e não é uma situação que apresenta nenhum tipo de risco, estimulando o cão a enfrentar o medo do objeto. “Isso funciona muito bem na fase de socialização. Quanto mais o cachorro medroso vencer o medo nos primeiros meses de vida, mais fácil ele vai superar as situações adversas na vida adulta”.

Já no caso de cães que já são adultos que são muito medrosos, a melhor forma de tranquilizar o pet é agindo com naturalidade diante de acontecimentos que podem assustar o animal, como barulhos de buzina ou de fogos. “Agir naturalmente ajuda a passar segurança para o cachorro medroso, e a gente deve mostrar que são situações normais que acontecem, sem valorizar demais o momento. Mas vale lembrar que estamos falando de medo, e não de pânico e nem fobia”.

Cachorro medroso: veja outras formas de lidar com a situação

Além de investir bastante na socialização do cachorro na fase inicial de vida dele, existem outras dicas que podem ajudar a melhorar o medo dos cães. “Seo cachorro ficou com medo de fogos de artifício, você pode chamá-lo para brincar, fazer um treino de adestramento ou simplesmente ficar ao lado dele (mas sem agarrá0lo). O ideal é desviar a atenção do cachorro do barulho que provocou o medo”, orienta Renata.  Há casos em que o animal pode procurar refúgio e se esconder debaixo da cama ou ficar quietinho em algum lugar, mas não tem problema se isso acontecer: “É importante ele saber que, quando você não tiver em casa, ele tem um cantinho seguro para ficar, que faz ele se sentir bem.”

Ainda assim, vale lembrar que dependendo do grau do medo, às vezes pode ser algo mais sério, como pânico ou fobia, que são situações que podem colocar o animal em risco. “Nesse caso, é importante que um veterinário de comportamento seja procurado para orientar qual é a melhor medicação pro animal”, explica. Aliás, é fundamental ter em mente que a automedicação é totalmente contra indicada, porque pode desencadear ainda mais problemas na saúde do animal. “O ideal é procurar um veterinário especialista em comportamento e não deixar para a última hora pra tratar a fonofobia, que é a fobia de barulho, porque os remédios demoram para fazer efeito, sendo no máximo três meses antes e sempre dando continuidade ao tratamento, não apenas nas festas de fim de ano”, finaliza a profissional.

Redação: Juliana Melo

 

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